Adriana Rodrigues
Resumo: Partindo da experiência profissional como psicóloga e praticante da psicanálise em um Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS/SUAS), esta tese investiga as origens da concepção, que circula no imaginário social, de que a psicanálise não seria adequada ao trabalho institucional com populações empobrecidas. A pesquisa percorre o campo da política de assistência social, passando pela psicologia e chegando à psicanálise, buscando por meio desta articulação mapear os caminhos de inserção da psicologia no SUAS, bem como as condições para a prática psicanalítica nesta interface. A investigação faz um recorte específico sobre a chegada da psicanálise no Brasil e as primeiras décadas de seu desenvolvimento, trazendo os detalhes de um período que certamente contribuiu para a imagem de uma psicanálise distante e inacessível. Um ponto de virada ocorre no início do século XXI quando as transformações sociais exigem dos psicanalistas que acertem seu compasso com a marcha do mundo, precipitando um retorno da psicanálise aplicada como saída aos impasses colocados. Estas modalidades de psicanálise passam a ganhar visibilidade e novas possibilidades de intervenção são incentivadas. Os caminhos da pesquisa buscam em Freud e Lacan as definições de psicanálise pura e aplicada e, especificamente em Freud, as “pedras de espera” deixadas no “canteiro de obras psicanalítico” para a aplicação da psicanálise no contexto institucional. Partindo desta construção teórica, o foco da investigação retorna para as possibilidades, limites e desafios na aplicação da psicanálise nos serviços de assistência social ofertados pelos CREAS. Com o fortalecimento do SUS e a criação do SUAS, muitos são os psicólogos, psiquiatras e demais profissionais praticantes da psicanálise que adentram os serviços públicos buscando estar à altura da subjetividade de nossa época. Esta pesquisa vem somar esforços na direção do desafio deixado por Freud aos psicanalistas do futuro, o de “adaptar nossas técnicas às novas circunstâncias”.
Palavras-chave: psicanálise no sistema único de assistência social (SUAS); psicanálise no centro de referência especializado de assistência social (CREAS); psicanálise nas instituições; psicanálise aplicada.
Referência: Rodrigues, Adriana (2016). A psicanálise e a política de assistência social brasileira: um diálogo possível? Tese de Doutorado, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
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