Clarice Regina Catelan Ferreira
Resumo: É bastante recente a participação da Psicologia junto às Políticas Públicas de Assistência Social no Brasil. E numerosas são as contribuições que podem ser oferecidas por esta área de conhecimento, tanto participando e oferecendo argumentos teóricos para a formulação de tais políticas como mediante a intervenção do psicólogo. Constatamos, entretanto, que os documentos legais que regulamentam tais políticas não explicitam claramente o que o psicólogo é convidado a fazer e quais são os fundamentos teóricos de tal proposta, o que pode conduzi-lo a desenvolver as mais diversas atividades, inclusive de ordem clínica ou de avaliação de inteligência, correndo o risco de patologizar as situações, culpabilizando os indivíduos pelas dificuldades que enfrentam na vida cotidiana. Levando estes aspectos em consideração, o objetivo deste trabalho é apresentar as contribuições que o referencial teórico da Psicologia Histórico-Cultural oferece ao Psicólogo que trabalha junto às políticas públicas de assistência social que atendem a crianças entre zero e seis anos. Trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico e, no seu desenrolar, discorremos sobre o desenvolvimento das Políticas Públicas de Assistência Social no Brasil, dando destaque ao atendimento à infância. Em seguida, apresentamos como se dá o desenvolvimento infantil no período entre zero e seis anos, tomando por base autores da Psicologia Histórico-Cultural. Por fim, realizamos uma discussão acerca da atuação proposta ao psicólogo conforme os documentos legais e como alguns pressupostos da Escola de Vigotski podem subsidiar o profissional que atua junto a esta política. Após o estudo realizado, consideramos que é necessário empreender uma análise crítica das políticas públicas de assistência social da atualidade, questionando em que medida elas contribuem ou não para o processo de emancipação dos indivíduos. Defendemos a idéia de que trabalhar com políticas públicas de assistência social, sobretudo às voltadas à infância, exige dos profissionais um amplo conhecimento do desenvolvimento humano como categoria histórica: a infância não é a mesma em todas as épocas históricas, de igual modo uma família também não é, visto que mudanças fundamentais acontecem em função do modo como a produção e as relações sociais se organizam. Entendemos, também, que os mesmos precisam enfatizar a importância da atuação da família, como mediadora entre a criança e os elementos fundamentais do processo social, para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores das crianças. Concluindo, esperamos que esta pesquisa contribua para uma proposta de atuação com vista à humanização e, desta forma, colabore para a transformação da consciência das pessoas atendidas pelos psicólogos vinculados às políticas públicas de assistência social.
Palavras-chave: Psicologia; Políticas públicas de assistência social; Políticas públicas; Assistência social; Crianças de 0 a 6; Psicólogos escolares; Intervenção do psicólogo; Humanização; Psicologia histórico-cultural.
Referência: Ferreira, Clarice Regina Catelan (2010). As contribuições da psicologia histórico-cultural aos psicólogos que trabalham junto às políticas públicas de assistência social voltadas às crianças entre zero e seis anos. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Maringá, Maringá.
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