Kathia Regina Galdino de Godoy
Resumo: Visando definir práticas consistentes de garantia de direitos com foco na proteção social, o Estado brasileiro criou algumas políticas públicas voltadas para atender a esfera populacional que se encontra em situação de desproteção e vulnerabilidade social. Na Política de Assistência Social, os programas, benefícios e serviços mantêm a centralidade de suas intervenções na instituição familiar. Segundo Mioto (2010), a família é um espaço complexo, construído e reconstruído cotidianamente ao longo da história, valendo-se de diversas esferas e agentes da sociedade. Atento a esse cenário, delineou-se como objetivo da presente pesquisa analisar a percepção das famílias sobre a intervenção realizada pelo profissional de psicologia situado no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). Faz-se necessário problematizar constantemente a prática profissional da psicologia junto ao CREAS, buscando analisar não apenas as abordagens técnicas adotadas, como também os impactos afetivos das intervenções junto às famílias e os indivíduos acompanhados. Muitas inquietações acompanham esta prática profissional do psicólogo, visto tratar-se de um campo permeado por desamparos sociais graves, que são provocados pelo Estado, pela organização econômica capitalista e também pelas próprias famílias. Adotando uma perspectiva metodológica qualitativa, por meio da estratégia de estudo de caso sobre o serviço CREAS 3, que atua em uma cidade localizada no interior do estado do Paraná, utilizou-se como instrumento para coleta de dados a observação direta, análise de documentos históricos sobre a instituição e entrevistas semiestruturadas com usuários acompanhados. A unidade de análise foi composta por seis participantes que tiveram, no mínimo, 2 anos de acompanhamento por psicólogos no referido CREAS. Os resultados foram organizados e analisados em três eixos que perpassam as relações entre a instituição família, os profissionais da psicologia e o Estado, a saber: 1) início da vinculação com o serviço, 2) sustentabilidade afetiva nos atendimentos às famílias, 3) o desligamento e os afetos experimentados na despedida. Como resultado, foi possível constatar que, apesar das dificuldades iniciais de vinculação marcadas pelo medo e pelo receio, com o passar do tempo os usuários valorizam a relação de vínculo com os profissionais do serviço e reconhecem a importância do acompanhamento. Ao final da pesquisa, foi possível compreender a relevância de construir, cotidianamente, uma sustentabilidade afetiva capaz de afirmar a vinculação e acolher os afetos díspares que emergem no encontro.
Palavras-chave: Psicólogo; Percepção familiar; Atendimento familiar; Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS).
Referência: Godoy, Kathia Regina Galdino de (2021). As percepções das famílias sobre o trabalho do psicólogo no CREAS : vinculação e sustentabilidade afetiva. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Londrina, Londrina.
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