Leila Ribeiro Rubini 

Resumo: O presente estudo compreende uma pesquisa-intervenção realizada junto a educadores sociais que trabalham em serviços socioeducativos nos CRAS do município de São Jose dos Pinhais-PR. Partindo da constatação de que se trata de uma profissão atualmente em debate, em amplo crescimento, cuja atuação vem sendo discutida por diferentes posicionamentos teóricos, nos propusemos a analisar suas práticas, tomando como problema de pesquisa a pergunta: como se configuram as práticas do educador social nos Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos? Partindo do conceito operador práticas, nos lançamos em uma pesquisa-intervenção com a proposição de criação de espaços coletivos de análise para problematização das práticas do educador social. Nossa pesquisa se constituiu em dois planos analíticos constituídos inicialmente por uma análise de documentos, procurando responder questões históricas da emergência das práticas socioeducativas, articulando entradas no campo do trabalho social e da educação em sua emergência histórica, bem como a constituição de práticas dirigidas a crianças e adolescentes pobres – concebidos como “abandonados”, “delinquentes”, “em situação de vulnerabilidade ou risco social” – no Brasil, ao longo do século XX e início do século XXI, tendo Foucault como referência para uma análise discursiva; posteriormente por uma análise produzida a partir de encontros com educadores sociais, na perspectiva da pesquisa-intervenção, com base nos referencias teórico-metodológicos da Análise Institucional. Estes dois planos sustentaram um terceiro momento analítico em que colocamos em relação enunciados mapeados nos documentos e os analisadores construídos nos encontros com os educadores sociais. Evidenciaram-se traçados de estratégias de segurança, em seu caráter de regulação das populações e dos corpos. A estratégia de segurança que sustenta tanto uma convivência segura quanto um convívio seguro, parece operar uma estratégia de educação moral, através do aconselhamento, assim como produzir uma proteção vigilante, na medida em que a escuta além de acolhimento é também um espaço de confissão. A escuta apareceu como função não-formalizada do educador social, fazendo operar um mecanismo vigilante protetivo, que integra as intervenções nos serviços de convivência às intervenções da equipe técnica com as famílias acompanhadas na proteção social básica. O analisador coringa nos pareceu potente para a problematização e desnaturalização das práticas do educador social, na medida em que evidenciou tensões referentes à flexibilização de sua função, ao campo de saber – ou campos de saberes – em que se insere, e aos objetos alvo de sua intervenção. A proposta da pesquisa-intervenção e o conceito operador práticas nos remetem ao conceito de transversalidade, à busca de ampliação e abertura do coeficiente comunicacional, e produção de novos modos de ser e de pensar. Nesse sentido, o exercício constituído nessa pesquisa buscou operar deslocamentos, abalar evidências, problematizar práticas, visando não sua prescrição, mas a ampliação das análises, num exercício de luta e resistência conjunta em relação ao estado de coisas de um campo de práticas do educador social na assistência social.

Palavras-Chave: Assistência ao Menor; Assistência Social; Educador Social; Políticas Públicas; Prática Profissional; Proteção Social

Referência: Rubini, Leila Ribeiro. (2015). As práticas do educador social na política pública da Assistencia social: tensionamentos sobre um campo em dispersão. Dissertação de mestrado, Mestrado em Psicologia Social e Institucional, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre

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