David Tiago Cardoso
Resumo: O Sistema Único de Assistência Social é a política pública brasileira organizada para o atendimento de pessoas em situação de violência por meio de proteções sociais. Na Proteção Social Especial de Média Complexidade, quando a violência já faz parte do contexto relacional das pessoas, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS é responsável por elaborar ações que viabilizem a superação das múltiplas violências vivenciadas. Assim, o objetivo desta pesquisa foi problematizar as práticas discursivas de gênero e masculinidade das equipes de referência que atuam no CREAS do município de Itajaí-SC, que possibilitam o trabalho social com pessoas em contexto de violência de gênero. Utilizou-se do Construcionismo Social e as Teorias Feministas, em especial, as Pós-estruturalistas, que deram sustentação epistemológica na construção de um conhecimento localizado, parcial, aberto e contingente sobre as categorias Gênero e Masculinidade. Os caminhos metodológicos também são sustentados pela alternativa construcionista, sendo utilizado o Estudo de Caso, elaborado em conjunto com as pessoas participantes da pesquisa, utilizados como mediadores dos diálogos. Ao todo foram construídos quatro casos com a participação de 18 pessoas. Na Análise das Práticas Discursivas foram organizados por meio de quatro Mapas Dialógicos e quatro Nuvens Dialógicas. Os repertórios estão divididos em três grupos: Expressões de Gênero e Masculinidade; Violência de Gênero; Práticas de trabalho. As práticas discursivas constroem gênero e masculinidade por meio do binarismo homem-mulher. Na categoria Masculinidade, a mesma é colocada em corpos masculinos e violentos e o alvo são mulheres. A construção do sentido de gênero permite que as práticas ofertadas às usuárias e aos usuários reflitam estes binarismos e mantém a corporificação social. A matriz de inteligibilidade é a matriz cisheteronormativa, contudo a mesma apresenta fissuras que possibilitam um espaço para a transformação: homossexualidade; identidade trans, masculinidade feminista, trabalho grupal. Conclui-se que Gênero e Masculinidade devem ser trabalhados na Assistência Social como categorias importantes no trabalho realizado, com a intenção de superar a violência e permitir que um grande número de corpos possa tornar-se inteligíveis.
Palavras-chave: Construcionismo Social; Gênero; Masculinidades; Assistência Social
Referência: Cardoso, David Tiago (2018). Através do espelho: gênero e masculinidade nas práticas discursivas das Equipes de Referência do CREAS. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
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