Luiza Maria Escardovelli Alcantara
Resumo: A intersetorialidade, entendida como uma articulação entre sujeitos de diferentes setores sociais, e portanto, de diferentes saberes, se mostra como uma estratégia fundamental de trabalho dentro das políticas públicas de saúde e de assistência social para a obtenção de uma intervenção capaz de garantir o atendimento das diversas demandas dos usuários e também de enfrentar problemas complexos. Desta forma, o objetivo deste estudo foi caracterizar e analisar as práticas intersetoriais entre um serviço de saúde mental infantil e um serviço da assistência social localizados na região central do município de São Paulo, no cuidado e atenção as crianças e adolescentes em situação de rua. Para tanto, por meio de análise de documentos e revisão de literatura, caracterizamos inicialmente o âmbito de ação das políticas de assistência e saúde, na interface com a infância e a adolescência, com foco especialmente na intersetorialidade. Contextualizamos, a seguir, as condições de vida de crianças em situação de rua e o agir destas políticas em relação às mesmas, público que se configurava alvo mais sistemáticos das ações intersetoriais. Para acompanhar as equipes em suas práticas intersetoriais com as crianças e adolescentes, ao longo de um ano, foi utilizado o método cartográfico e o registro em diário de campo. O material foi analisado com base em quatro parâmetros, três oriundos dos marcos legais das próprias políticas: proteção social, cuidado integral, corresponsabilidade e um, de caráter analítico, a transversalidade, que supõe a produção do comum entre heterogêneos, na perspectiva da análise institucional. Foi constatado que mesmo que a política de assistência social seja uma política pública ordenadora de articulações, a mesma se apresenta ainda de maneira incipiente na prática de um trabalho intersetorial. Além disto, ficaram nítidas as tensões entre os campos da saúde e da assistência social relacionadas ao cuidado das crianças e adolescentes em situação de rua e a necessidade da construção de um olhar comum que seja capaz de garantir às crianças e adolescentes os seus direitos estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente
Palavras-Chave: Psicologia Social; Intersetorialidade; Assistência social; Saúde pública – Brasil; Política de sáude mental
Referência: Alcantara, Luiza Maria Escardovelli.(2019). Cartografias territoriais: infância e adolescência nas práticas intersetoriais entre a saúde e a assistência social. Dissertação de mestrado, Mestrado em Psicologia (Psicologia Social), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.
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