Carlos Heber de Oliveira

Resumo: Neste trabalho discutimos o sentido de si que constitui a consciência de um morador de rua. Partimos da mediação constituída pela Política Nacional da Assistência Social e o significado que o meio social atribui a este grupo a partir da relação com os meios de produção. Para a exploração da problemática recorremos à psicologia Sócio-Histórica, isso porque se dedica ao estudo da consciência individual, que é explicada como a condição do psiquismo. A psicologia sócio-histórica se fundamenta filosoficamente nos princípios do materialismo histórico e dialético que tem o trabalho social como o principal mediador entre a sociedade e o homem. Para analisar as funções psicológicas superiores, em espacial a consciência devemos pelo método explicar e não descrever, além de entender os processos que determinam a consciência do homem em relação com o meio social. Ainda conforme o método o principal mediador da consciência é o signo, o qual orienta não apenas o manuseio dos instrumentos os quais medeiam nossa ação, mas também nos dá condição para nos autoorientar. Para analisar a consciência do morador de rua, elaboramos um instrumento de coleta de dados, sendo uma entrevista semi-estruturada. O tema norteador da entrevista surgiu após uma revisão bibliográfica referente ao morador de rua no Brasil e a relação do mesmo com o trabalho e a assistência social. Aplicamos um questionário no Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP), onde um voluntário se dispôs falar de si e a relação com o trabalho, mediante a pergunta desencadeadora: Como o trabalho influenciou você ficar na rua? Após coletarmos o discurso do entrevistado, foi realizada a transcrição literal da fala e construímos um corpus para análise. Posteriormente aplicamos a Análise Gráfica do Discurso Simplificada que consiste em marcar as palavras com maior incidência e tomar estas como núcleos, após reorganizamos seu discurso com os núcleos principais onde circunda sua consciência. Como resultado, verificamos que o sujeito não se reconhece com os outros moradores de rua, isso porque, os outros moradores de rua são tidos como ladrões, bandidos, mal vistos pela sociedade. Observamos também, que o sujeito entende a Assistência Social como uma instituição de benemerência e não prioriza necessariamente a garantia de direitos. Por fim, ressaltamos que para o entrevistado o trabalho é tido como uma necessidade, mas que mesmo diante da necessidade social há outros motivos que conflitam com o sujeito para a aquisição de uma nova colocação do trabalho tais como o preconceito social e a droga.

Palavras-chave: consciência; mediação, situação de rua; psicologia sociohistórica.

Referência: Oliveira, Carlos Heber de (2017). Consciência da ausência do trabalho – a mediação estabelecida entre a política de assistência social e um morador de rua. Dissertação de Mestrado, Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande. 

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