Claudia de Oliveira Alves

Resumo: As mulheres negras brasileiras representam aproximadamente um quarto da população brasileira. Esse grupo é amplamente afetado pela configuração de mecanismos históricos e sociais, como o racismo, sexismo e classismo. Esse cenário contribui para que ele constitua o maior grupo de usuários do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Estratégias de promoção de empoderamento, ao maximizar as possibilidades de ação sobre a própria vida e a da comunidade, podem contribuir para melhores condições de vida, redução de iniquidades em saúde e bem-estar dessa população. Dessa forma, a partir da perspectiva de mulheres negras, a presente tese teve como objetivo analisar processos de empoderamento de mulheres negras, identificando a produção de conhecimento sobre a inserção de mulheres negras no SUAS, descrevendo mecanismos favorecedores de empoderamento, e apresentando diretrizes para intervenções voltadas para esse processo no âmbito da Política Nacional de Assistência Social (PNAS). No manuscrito 1 é apresentada uma revisão integrativa de literatura que teve por objetivo investigar a produção de conhecimento científico sobre a inserção de mulheres negras no Sistema Único de Assistência Social. Os resultados apontaram para uma discussão ainda incipiente sobre raça nesse campo, presente em sete artigos. Mesmo os poucos estudos que se propõem a investigar mulheres negras pouco se aprofundam na discussão sobre raça e racismo. O manuscrito 2 descreve um estudo qualitativo, realizado por meio de entrevistas com 23 mulheres, sobre elementos que podem funcionar como mecanismos favorecedores de empoderamento para as mulheres negras nos níveis micro, meso e macrossocial. Os achados do estudo apontam mecanismos que remetem a vivências interseccionadas por raça, gênero e classe, nos três níveis de análise. O manuscrito 3 relatou um estudo qualitativo, com a participação de 16 entrevistadas, que analisou barreiras e facilitadores, baseado no modelo RE-AIM, para alcance, eficácia/efetividade, adoção, implementação e manutenção de intervenções que visem favorecer o empoderamento de mulheres negras. Os resultados indicam que o alcance, a eficácia, a adoção, a implementação e a manutenção de intervenções com essa proposta dependem, principalmente, dos agentes da implementação, de contexto interno e externo favoráveis. Ademais, foram identificadas mais facilitadores que barreiras. Os resultados dos três estudos permitiram elaborar recomendações/diretrizes que podem ser adotadas para informar intervenções para promoção de empoderamento de mulheres negras. Acredita-se que esses achados podem ser úteis para embasar intervenções desse tipo também em outros contextos de implementação. Como agenda de pesquisa sugere-se que estudos futuros explorem em profundidade cada um dos níveis de empoderamento estudado e forneçam evidências adicionais de sua interrelação, assim como os efeitos de cada um desses mecanismos nas vidas (e na saúde) das mulheres negras. Recomenda-se também que sejam realizados estudos futuros de desenvolvimento de intervenção para verificar a aplicabilidade desses achados no planejamento, implementação e avaliação da intervenção, em diferentes contextos de aplicação.

Palavras-chave: empoderamento; mulheres negras; intervenções psicossociais; avaliação de necessidades; raça.

Referência: Alves, Claudia de Oliveira (2021). Empoderamento de Mulheres Negras e Política Nacional de Assistência Social: Mecanismos e Diretrizes para Intervenções. Tese de Doutorado, Universidade de Brasília, Brasília. 

Disponível aqui

Outras publicações

Fútbol, ​​política e historia en Brasil: análisis de un manifiesto de hinchas antifascistas

Felipe Tavares Paes Lopes, Mariana Prioli Cordeiro.

Leia mais »