Diana Marisa Dias Freire Malito

Resumo: O presente estudo se inscreve no cruzamento entre as políticas públicas de saúde mental e de assistência social, a partir de interrogações às práticas de cuidado dirigidas a população pobre em sofrimento psíquico.A tese propõe uma leitura crítica das políticas públicas, apontando suas raízes coloniais, classistas e de controle das insurgências da população. Os usuários, considerados problemáticos, encaminhados burocraticamente de um serviço ao outro, são tomados como importantes analisadores do funcionamento desses dispositivos. Retoma-se a memória das lutas coletivas que conquistaram a implantação da rede de atenção psicossocial e da rede socioassistencial,construindo um contraponto com seu sistemático desmonte e sucateamento,intensificados a partir de 2016. Problematizaras políticas públicas em circunstâncias históricasnasquaiso que tem caráter público e popular é desmantelado, difamado e destruído, exigiu um cuidado ético criterioso.O texto se alia a referenciais da Análise Institucional, da Filosofia da Diferença, e a intercessores que tomam as questões de saúde mental e das chamadas vulnerabilidades sociais desmontando sua naturalização. Investe-se em uma entrada micropolítica que viabilize o tensionamento entre estratégias de controle e a produção de outros modos de sentir e de viver, em cenários nos quais a vida vale cada vez menos. Utilizamos como recurso metodológico a pesquisa-intervenção, selecionando como material de análise registros em diários de campo da pesquisadora no período de2012a2018, referentes a experiências de trabalho em ambulatório de saúde mental, na gestão/assessoramento técnico da assistência social no Estado do Rio de Janeiro, e em Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas(CAPS-ad).Soma-se a essas análises, treze entrevistas realizadas na Rede de Saúde Mental e na Rede de Assistência Social do município de Niterói, conforme aprovação do Comitê de Ética. Dialogou-se com profissionais a respeito de como as equipes técnicas se relacionam com os usuários, entre si, e com a política pública.Exploramos alguns analisadores, dentre os quais: a lida com casos considerados difíceis, concepções de loucura e de pobreza, relações raciais,articulação intersetorial, autocuidado do trabalhador social, as fragilidades e as possibilidades dos dispositivos públicos.Os resultados apontam para a importância de apostar na ativação da potência dos trabalhadores sociais,que na relação com os usuários se reinventam e encontram caminhos;bem como afirmar a força dos usuários, que fazem o uso que lhes parece mais seguro dos serviços institucionais,tramando outras redes de cuidado e escapando as institucionalizações.

Palavras-chave: Políticas públicas; Exclusão social; Produção de subjetividades; Práticas de cuidado; micropolítica.

Referência: Malito, Diana Marisa Dias Freire (2021). Entre a saúde e a assistência: uma análise micropolítica das práticas de cuidado nas políticas públicas. Tese de Doutorado, Universidade Federal Fluminense, Niterói. 

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