Deise Lucia Antunes Lopes
Resumo: A Política Nacional de Assistência Social criada no ano de 2004 é um dos importantes marcos legais para a implantação de um sistema de proteção social para os cidadãos brasileiros. Por meio do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, uma série de serviços tipificados permitiram o atendimento em dois níveis de proteção: Proteção Social Básica – PSB e Proteção Social Especial – PSE. Dentre os serviços previstos na proteção social básica, o Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, caracteriza-se como “porta de entrada” promovendo o acesso da população à política de assistência social. Esta dissertação, portanto, tem por objetivo apresentar a experiência de uma pesquisa-intervenção realizada em um CRAS da região metropolitana de Florianópolis. Tal pesquisa foi realizada com um grupo de mulheres que, desde 2017 foi se consolidando como um grupo organizado, o qual busca a manutenção de suas atividades por meio da ação conjunta de todas as participantes. O artesanato, mediador dos encontros desde o início, promoveu o encontro destas mulheres com outras mulheres do território e com o CRAS. Assim, este estudo se desdobrou em compreender como se constituiu este grupo e como foi possível a sua manutenção até os dias atuais. Considerando a escassez de recursos enviados pela prefeitura, a manutenção dos insumos para as atividades advém da venda da sua produção coletiva. Ressalto que, em sua constituição, esta atividade visa promover o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários previstos pela política e, para além das atividades de artesanato, busca a articulação e a negociação de temas de interesse da equipe PAIF e das mulheres, visto que as rodas de conversa são uma prática utilizada com este grupo. Quanto à matriz teórica utilizada na pesquisa-intervenção e no desenvolvimento desta escrita, a teoria de grupos de Jean Paul Sartre fundamentou o caminho percorrido. Os resultados desta intervenção resultaram em dois artigos: (1) A inteligibilidade de um grupo em movimento, apresentando os resultados de uma roda de conversa, no qual foi utilizado o método da entrevista coletiva e, (2) Encontro de mulheres em um CRAS: uma experiência na construção grupal, no qual foi utilizado o diário de campo como instrumento para as discussões propostas. Por fim, compreende-se que a atividade grupal existente se constituiu como um importante espaço de encontro entre as mulheres do território, bem como foi capaz de gerar inúmeras possibilidades, visto o seu caráter dialético na direção da construção grupal.
Palavras-chave: política de assistência social; CRAS; grupos; construção coletiva.
Referência: Lopes, Deise Lucia Antunes (2019). Nós, o CRAS e a comunidade: a experiência de um grupo de convivência de mulheres em um CRAS da região metropolitana de Florianópolis. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
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