Helder Barros e Souza
Resumo: A presente intercessão-pesquisa tem como objetivo principal atuar, investigar e problematizar a prática do psicólogo, os saberes e os fazeres no cenário da imbricação entre a Política Nacional de Assistência Social e o Sistema Nacional do Atendimento Socioeducativo (SINASE), tendo como lócus privilegiado o atendimento socioeducativo em meio aberto, executado em um CREAS com atuação específica no acompanhamento de adolescentes em cumprimento de Medidas Socioeducativas de Liberdade Assistida e Prestação de Serviços à Comunidade. Buscamos contribuir na reflexão e na construção de possibilidades de atuação técnica do trabalhador psicólogo, o que fazemos, a princípio, contextualizando o SINASE a partir de sua formação histórico-política, interrogando a sua formação atual e as práticas do trabalho social apresentadas pela literatura acadêmica, bem como discutindo a tecnologia socioeducativa e os modelos que se desdobram dessas práticas. Adotamos a metodologia do Dispositivo Intercessor (DI), como proposto por Abílio da Costa-Rosa, ética de trabalho e pesquisa que busca promover a superação da divisão entre o saber e o fazer, desenvolvendo inicialmente uma intercessão-pesquisa (no contexto institucional de trabalho como psicólogo) e, posteriormente, uma pesquisa intercessão (no contexto acadêmico), que, ao recuperar parte dos saberes produzidos na práxis, permite a produção de conhecimentos que mobilizem novos trabalhadores intercessores. Nossa intercessão foi realizada no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS2), município de Londrina, norte do Paraná, atuando como trabalhador Psicólogo, vivenciando as práticas cotidianas, a dinâmica institucional e problematizando sobre o trabalho socioeducativo. Ao discutir parte dos saberes que emergiram de nosso trabalho-intercessão, pudemos problematizar os Paradigmas Socioassistenciais, situar alguns resquícios do Modo Filantrópico na execução da PNAS e das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto, discutir a gestão do ócio, a tutela e a contradição punitiva/protetiva, assim como apontar alguns riscos da despolitização e do abandono das teorias críticas dentro do trabalho social. Nosso trabalho permite apontar o SINASE enquanto um Dispositivo Disciplinar que, na ausência de efetivas respostas estatais às complexas demandas sociais, promove a gestão da juventude pobre que escapa aos mecanismos de normalização dispersos na Sociedade de Controle. O psicólogo, nesse contexto, pode afastar-se de um modelo de adaptação individual disciplinar, atuando de modo crítico.
Palavras-chave: SINASE; assistência social; liberdade assistida; intercessão-pesquisa; complexo tutelar.
Referência: Souza, Helder Barros e (2019). O psicólogo no cenário do sistema socioeducativo em meio aberto: problematizando saberes e fazeres. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Assis.
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