Mariana de Almeida Pinto

Resumo: A presente dissertação tem como objetivo analisar como os sujeitos destinatários da política de assistência social percebem a si e sua realidade e atuam frente às condições de pobreza em que estão inseridos. Compreendemos que a desigualdade social estrutural atravessa a formação da consciência e subjetividade dos sujeitos, gerando diferentes e contraditórios processos psicossociais, como o fatalismo, a resignação e a revolta. Recorremos, portanto, ao uso da entrevista semiestruturada, bem como do diário de campo proveniente do período de acompanhamento das atividades desenvolvidas em um dispositivo da proteção social básica, localizado na cidade de Juiz de Fora (MG). Em consonância com os objetivos traçados em nosso trabalho e pautados em uma análise histórica e dialética dos fenômenos sociais, observamos que a predominância de visões fragmentadas e individualistas sobre a desigualdade social e a consequente dificuldade em reconhecer sua posição social na sociedade de classes fortalecem posturas pessimistas, conformistas e imediatistas nas classes subalternas, tendo em vista a precariedade material forjadas em suas realidades cotidianas. Por outro lado, os sentimentos de revolta, indignação e coletividade se arraigam e são, muitas vezes, silenciados frente às contradições próprias das ideologias e das relações sociais vigentes. As formas de enfrentamento/resignação da realidade encontradas, no geral, perpassam pela crença religiosa e/ou pela tentativa do esforço pessoal e meritocrático. Frente a esse cenário, a política de assistência social, sobretudo, na ótica neoliberal, tem demonstrado suas limitações em contribuir, dialeticamente, com avanços nas condições materiais e subjetivas de vida dos sujeitos, por ela, “assistidos”, na medida em que se esbarra no predomínio da lógica assistencialista e focalizada que tende a reforçar a condição subalterna. Ao mesmo tempo em que consideramos importante o fortalecimento das políticas sociais na perspectiva da luta por direitos, se faz necessário apontar estratégias efetivas que fortaleçam e incitem a rebeldia dos sujeitos, por vezes, escamoteada, em direção à superação radical das mazelas sociais produzidas nas e pelas relações de produção capitalistas.

Palavras-chave: Consciência; Desigualdade social; Ideologia; Assistência social.

Referência: Pinto, Mariana de Almeida (2019). “Primeiro Deus, depois o CRAS” : um estudo sobre consciência e desigualdade social a partir de sujeitos destinatários da política de assistência social. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Psicologia, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora.

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