Vinicius Cesca de Lima

Resumo: A dissertação analisa algumas conexões entre as trajetórias da profissão de psicóloga(o), da política de assistência social (e, no interior desta, das ações de enfrentamento da pobreza) e do modelo de desenvolvimento econômico em curso no país, a partir de duas questões: [1] como se produz a dimensão subjetiva deste campo profissional e como esta o determina, ou seja, como se produz o campo de significados que o orienta, justifica e legitima; [2] como as intervenções realizadas no âmbito da política de assistência social podem concretamente contribuir na direção das transformações intencionadas. Para isso, a dissertação se sustenta em três esforços analíticos complementares. Em um primeiro momento, visando apreender a relação entre teleologia e causalidade na práxis, abordamos, a partir do materialismo historico-dialético, a fundamentação ontológica do ser social. Em um segundo caminho, discutimos as bases histórico-sociais do fenômeno da pobreza no modo de produção capitalista, abordando como a pobreza passou a ser representada politicamente como problema público a ser enfrentado através de políticas sociais e como estas são tensionadas contemporaneamente pela crise estrutural do capital. Especial atenção foi dada à delimitação destas questões na realidade brasileira contemporânea, ao relacionar as políticas sociais ao modelo de desenvolvimento econômico que tem sido denominado ―neodesenvolvimentista‖. Abordamos também as concepções sobre pobreza e sobre o seu enfrentamento enquanto produções ideológicas que compõem a dimensão subjetiva deste campo. Em um terceiro movimento, analisamos o trabalho de psicólogas(os) neste contexto institucional, a partir de pesquisa que envolveu observação participante em um Centro de Referência de Assistência Social e a análise de distintas fontes documentais. A análise realizada revela alguns dos muitos desafios teóricos e práticos postos para esta inserção profissional, dos quais destacamos a superação do subjetivismo e do politicismo presentes em concepções e práticas que assumem um projeto profissional orientado à promoção de emancipação política, mas que não raro se limita a uma ainda mais abstrata ―emancipação subjetiva‖, reduzindo-se, na pior das hipóteses, à reprodução adaptacionista do cotidiano ou, na melhor delas, a expressão trágica de uma intencionalidade ética que não tem condições materiais de se realizar

Palavras-Chave: Psicologia Social; Práticas profissionais de psicólogos;  Assistência Social; Enfrentamento da pobreza; Dimensão subjetiva da realidade;  Neodesenvolvimentismo.

Referência: Lima, Vinicius Cesca de.  (2014). Psicologia da pobreza e pobreza da psicologia: um estudo sobre o trabalho de psicólogas(os) na política pública de assistência social. Dissertação de mestrado, Mestrado em Psicologia (Psicologia Social), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.

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