Renato Ferreira de Souza
Resumo: A presente Tese de Doutorado em Psicologia Social debate a imbricada e contraditória correlação existente entre a Psicologia e as Políticas Públicas sócio-assistenciais brasileiras. Para a consecução deste objetivo, destacamos o enveredamento pela História da área psicológica e pela conformação e constituição da Ciência Moderna, destacando que ambas, quase sempre, estiveram ou estão a serviço das elites, operando a favor de uma lógica instrumentalista e economicista que sobrepõe o mercado às humanidades. Procuramos assinalar como a submissão da Psicologia a essa lógica, por vezes, transforma-a na responsável técnica que respalda cientificamente o roteiro pré-estabelecido de vida no capitalismo e as formas de reconhecimento perverso. Para compreender e apurar as implicações e consequências da práxis desenvolvida pela Psicologia no campo das políticas públicas de assistência (emancipação social ou administração do povo?), desenvolvemos uma análise psicossocial que considerou questões como desigualdade, injustiça, reconhecimento, etc., como conceitos centrais. Com vistas à articulação entre a pesquisa teórica e a realidade empírica, realizamos também entrevistas com profissionais e cidadãos envolvidos com o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e investigamos suas identidades na perspectiva desenvolvida por Antonio da Costa Ciampa, que se desvelaram de forma emblemática, pois são representativas do atrelamento existente entre o universal (sistema capitalista de produção) e o particular (conformação das identidades psicossociais e suas subjetividades). A articulação entre o material teórico e empírico permitiu demonstrar que as vivências cotidianas dos indivíduos que se relacionam diretamente com as políticas públicas de assistência estão atravessadas por múltiplos fatores, tais como: poder, dinheiro, burocracias, estatutos, diretrizes profissionais (no caso dos trabalhadores sociais) e injustiça social, pobreza, má distribuição de renda, de educação, de saúde, de direitos básicos, falta de reconhecimento social, moral, afetivo e ético, dentre outros. Isso permitiu que apresentássemos uma reflexão conceitual advinda de uma composição teórica de pressupostos da psicologia social crítica que pode ser utilizada pelos psicólogos inseridos nas políticas públicas, sobretudo para o desenvolvimento de uma práxis crítica e transformadora no cotidiano de suas atividades profissionais.
Palavras-chave: Identidade; Injustiça social; Afetividade; Centro de Referência de Assistência Social (CRAS)
Referência: Souza, Renato Ferreira de (2011). Psicologia e políticas públicas de assistência social: práxis emancipatória ou administração social? Tese de Doutorado, Programa de Estudos Pós-graduados em Psicologia Social, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.
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