Nayra Borges de Almeida

Resumo: Devido às condições socioeconômicas vigentes no período de transição entre as décadas de 1970 e 1980 e ao fortalecimento dos movimentos sindicais, bem como dos Conselhos de Psicologia – após a redemocratização do país – ocorre uma mudança de paradigma na profissão do psicólogo que se volta para discurso de compromisso social da profissão, que passa a compor o rol de profissionais das políticas sociais, dentre elas, a Assistência Social. A principal característica das políticas sociais é que, no modo de produção capitalista, são definidas como uma estratégia do Estado para minimizar as consequências da chamada “Questão Social”. Até a década de 1930, as respostas do poder público frente a Questão Social se confundiam com atividades de caráter higienista e de institucionalização dos sujeitos e a miséria era compreendida enquanto uma disfunção do indivíduo, porém, a partir de 1988, observa-se uma transição da questão para o campo da garantia de direitos sociais. Apesar deste processo significar um avanço na política de Assistência Social, o mesmo não possibilita a transformação real na organização social, que só pode ocorrer com a substituição do trabalho explorado para o associado e, dessa forma, não proporciona a emancipação humana proposta por Marx. Partindo desses pressupostos, este estudo tem como objetivo: Identificar e analisar como está sendo realizada a atuação do psicólogo na Assistência Social, tendo como referência os pressupostos da Psicologia Histórico-Cultural, cujo fundamento é a ontologia do ser social de Marx. Trata-se de um estudo bibliográfico, partindo de clássicos do marxismo e da Psicologia Histórico-Cultural, assim como de consulta a produções atuais sobre a temática. A primeira seção resgata o percurso histórico da Assistência Social brasileira até os dias atuais, além da relação entre o Estado, Questão Social e políticas sociais e a diferenciação entre emancipação política e humana. A segunda apresenta as transformações da Psicologia até sua inserção nas políticas sociais descrevendo as condições concretas dessas mudanças. Na terceira seção apresentamos os resultados de pesquisa bibliográfica realizada a partir de dados da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (CAPES), buscando teses e dissertações que abordassem o tema “Psicologia e Assistência Social” no período de 2004 a maio de 2015. Os dados da pesquisa contribuíram para a identificação das principais abordagens da Psicologia defendidas nos estudos, bem como a identificação dos principais dificultadores para a prática do psicólogo na Assistência Social. Consideramos que a abordagem eleita para a discussão desta dissertação pode contribuir para atuação do psicólogo nesta política pública, pois sua concepção de homem tem como principal preocupação o desenvolvimento deste como ser social, determinado pelas condições concretas da sociedade, compreendo, portanto, as consequências da exploração de trabalho e de sua alienação para o processo de constituição da consciência humana.

Palavras-chave: Psicologia; Psicologia histórico-cultural; Assistência social

Referência: Almeida, Nayra Borges de (2017). Reflexões sobre a atuação de psicólogos na assistência social : algumas contribuições da psicologia histórico-cultural. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Maringá, Maringá.

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