Leilane Menezes Maciel Travassos
Resumo: A violência sexual contra crianças e adolescentes representa uma profunda violação de direitos humanos, sexuais e individuais da pessoa em desenvolvimento, que constitui um grande desafio aos diversos âmbitos e profissionais que se deparam com sua ocorrência. Nesse sentido, objetivou-se nesse estudo apreender as representações sociais de profissionais que atuam em Centros de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS) acerca da violência sexual contra crianças e adolescentes. Utilizou-se como aporte teórico a Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici, e em complemento a esta, fez-se uso ainda da Teoria do Núcleo Central de Jean-Claude Abric. Trata-se de um estudo exploratório e descritivo de cunho quanti-qualitativo. Os participantes da pesquisa foram 47 profissionais de equipe interdisciplinar de 11 CREAS da Paraíba, sendo 95,7% do sexo feminino, com idade média de 34,70 (DP=9,45). Foram utilizadas entrevistas semiestruturadas, submetidas à análise lexical do software ALCESTE, resultando na formação de quatro classes, nomeadas, Classe 1: Caracterização e Impactos da Violência Sexual, Classe 2: Prática Interprofissional e Intersetorial, Classe 3: Violência Sexual Intrafamiliar e sua Superação, Classe 4: Políticas Públicas: avanços e retrocessos; e ainda a Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP), analisada por meio do software Evoc. Verificou-se que os participantes representaram a violência sexual a partir de suas características e implicações, destacando sua ocorrência intrafamiliar, que é passível de superação, mas que necessita de uma atuação interdisciplinar e intersetorial por parte dos profissionais, os quais não possuem apoio governamental. As representações sociais a partir das evocações livres evidenciaram uma concepção ampliada do fenômeno da violência sexual, caracterizando-a como um crime, efetuado por meio do ato agressivo do abuso, e que ocasiona medo às vítimas. Os profissionais estruturaram suas representações em relação ao CREAS, ancorados nas finalidades da instituição; em relação ao ser profissional do CREAS, apresentaram uma percepção de ideal a ser alcançado; e, se auto perceberam de forma positiva, ancorados em uma identidade social. De forma ampla, pode-se considerar que os dados revelaram que o fenômeno da violência sexual desencadeia dificuldades não só àqueles que vitima, mas também àqueles que se dedicam ao seu enfrentamento.
Palavras-chave: Violência sexual; Profissionais; Representação social; Crianças e adolescentes.
Referência: Travassos, Leilane Menezes Maciel (2013). Representações sociais dos profissionais de CREAS acerca da violência sexual contra crianças e adolescentes. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.
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