Marina Galacini Massari

Resumo: A presente pesquisa é sobre as práticas de saúde mental em serviços de acolhimento institucional para crianças e adolescentes. Mais especificamente, questiona-se a medicalização da infância como forma de governo da vida de crianças e adolescentes. A pesquisa aconteceu em um serviço de acolhimento da cidade de São Paulo com histórico de resistência à medicalização dos acolhidos. Buscou-se, então, ouvir, por meio de rodas de conversa e entrevistas narrativas, o processo de enfrentamento que se deu na década de 2000 e o modo como se mantém como compromisso político no serviço. Para isso, foram ouvidos profissionais do serviço e da rede, à época e atualmente; e adolescentes e jovens acolhidos, à época e atualmente. Sob os aportes dos Estudos Sociais da Infância, da Análise Institucional, de Michel Foucault e da História Oral, buscou-se discutir como as demandas de saúde mental produzidas nos serviços de acolhimento institucional têm-se configurado. Para isso, no primeiro capítulo, discutem-se as legislações da infância e a política de assistência social, que pautam os serviços de acolhimento institucional de crianças e adolescentes. No segundo capítulo, discutiu-se a construção do lugar da psiquiatria na sociedade contemporânea e como esse contexto reflete nas práticas e estudos no campo da infância e adolescência, principalmente no acolhimento institucional. Contextualiza-se também, em seguida, o campo das políticas públicas da infância sob medida de proteção de acolhimento institucional na cidade de São Paulo, com destaque para procedimentos do Ministério Público do Estado.Por fim, foram construídos dois ensaios narrativos: 1) sobre as estratégias metodológicas de uma equipe e o modo como compuseram um processo de resistência à medicalização da infância na década de 2000 e 2) o processo de resistência de João, menino institucionalizado desde o primeiro ano de vida e patologizado em todas as suas manifestações e reações. Consideramos que este trabalho possa contribuir com pistas metodológicas de um fazer que resista aos discursos adultocêntricos, médico-psiquiátricos e tutelares que podem, facilmente, desconsiderar as múltiplas infâncias e suas manifestações singulares.

Palavras-chave: psicologia social; medicalização; saúde mental; crianças; adolescentes.

Referência: Massari, Marina Galacini (2016). Serviços de acolhimento para crianças e adolescentes e medicalização: narrativas de resistência. Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.

Disponível aqui

Outras publicações

A clínica ampliada e o trabalho dos psicólogos no PAIF: pressupostos e desafios

Rafael Bianchi Silva

Leia mais »

A Psicologia no Sistema Único de Assistência Social – SUAS: o que temos a dizer?

Comissão de Orientação em Psicologia e Política de Assistência Social e (CRP-MG).

Leia mais »

O que Significa o Desmonte? Desmonte Do que e Para Quem?

Camilla Fernandes Marques, Nathalia Leardini Bendas Roberto, Hebe Signorini Gonçalves e Anita Guazzelli Bernardes

Leia mais »

Narrativas ficcionales e interseccionales en el cuidado institucional de niños y adolescentes (Narrativas ficcionais e interseccionais no cuidado institucional de crianças e adolescentes)

Leonardo Régis de Paula, Bruna Moraes Battistelli, Lílian Rodrigues da Cruz 

Leia mais »