Atuação na Psicologia do Esporte é tema de evento no IPUSP

A Psicologia do Esporte foi tema de uma das atividades do segundo dia da Semana de Psicologia da USP, que ocorreu entre os dias 8 a 12 de maio de 2017. A palestra foi ministrada pelo mestre e pesquisador de Psicologia do Esporte, Alberto Santos.

De início, foi dada uma rápida explicação sobre o que é a psicologia do esporte, quais são seus objetivos e áreas de atuação como, “Alto rendimento”, “Esporte de reabilitação”, “Iniciação esportiva e projetos sociais”, e “Lazer e tempo livre”.  Além disso, Alberto explicou quais foram os tipos de questionamenntos feitos para dar início aos estudos nesse ramocomo “Por que o atleta ‘perfeito’ falha durante uma competição?”, ou “Como lidar com a derrota de uma forma que seja saudável?”.

Para Santos, “A psicologia do esporte e do exercício é um estudo científico de pessoas e seus comportamentos em atividades esportivas e físicas, e aplicação desse conhecimento”.

Também foi dado o panorama histórico desse campo, mostrando que apesar de parecer um tipo de psicologia nova, na Grécia Antiga já havia a preocupação com o bem estar mental dos atletas. Porém a grande expansão de técnicas e procedimentos foi durante a Guerra Fria, onde os dois blocos opositores, os Estados Unidos e a então União Soviética, utilizavam o esporte como uma de suas campanhas políticas. O pesquisador afirma que até hoje muitos dos métodos desenvolvidos para os astronautas são utilizados pela psicologia do esporte.

Psicologia do Esporte do Brasil

Pesquisador Alberto Santos no Semana de Psicologia da USP 2017.(Foto: Mariana Navarro/IPComunica)

No Brasil muito da resistência que existe no esporte brasileiro com a psicologia do esporte tem relação com um incidente de 1958. O psicólogo João Carvalhes foi contratado na época, para aplicar testes psicológicos nos jogadores da Seleção Brasileira. Pouco havia de estudos nessa área, e por isso João Carvalhes se utilizou dos métodos disponíveis no momento. Porém um dia, o psicólogo esqueceu sua mala com todos os testes nos clube. Os resultados vazaram para mídia, e os jogadores reprovados foram os maiores craques daquela Copa do Mundo: Garrincha e Pelé.

Após esse episódio a psicologia do esporte perdeu sua credibilidade para muitos clubes no país. Mas no exterior esse tipo de tratamento vem sendo amplamente utilizado. Nos Estados Unidos, país que mais produz pesquisas nesse campo, praticamente todas as equipes técnicas contam com psicólogos do esporte. Além disso, diversos cursos são oferecidos em universidades e centros esportivos, e os profissionais são muito bem formados e capacitados.

Alberto acredita que a maioria dos problemas da psicologia do esporte no Brasil seriam resolvidos com mais cursos de formação. Ele afirma que a maioria das aulas são oferecidas em faculdades de Educação Física, e que a Psicologia pouco se ocupa com esse ramo. “A psicologia do esporte [no Brasil] só foi reconhecida como uma especialidade da psicologia em 2000, junto com outras áreas.”

E-Sports: Uma nova perspectiva

Hoje, uma oportunidade de trabalho que está em crescimento é no E-Sports. Esse tipo de modalidade esportiva vem aumentado muito nos últimos anos, contando com campeonatos oficiais tanto regionais quanto mundiais. O campeonato Mundial de League of Legends de 2016 teve uma premiação de U$ 2,13 milhões para o time vencedor, e o faturamento dos E-sports em 2015 superou os U$700 milhões.

Final da CBLoL em 2016 no Ginásio do Ibirapuera. Fonte:http://tecnosense.com.br/final-do-cblol-2016-vai-ser-transmitida-no-sporttv/)

As características dos esportes eletrônicos são muito semelhantes a dos esportes tradicionais, e os jogadores lidam com as mesmas pressões, como mídia, equipe, família, competições, e etc. Alberto pontua que provavelmente a única diferença esteja na cobrança dos fãs, já que na internet o “ódio” é muito mais forte por conta do anonimato, tornando as críticas muito mais severas.

Alberto atua como psicólogo no clube de e-Sports, CNB, na sua equipe do jogo “League of Legends”. Ele afirma que o trabalho não difere muito do comum “O básico está lá, mas é necessário adaptar as ferramentas para a atuação, ajustar o trabalho para o perfil dos jogadores. ‘Qual a demanda da tarefa do jogador?’ ‘Quais ferramentas eu vou usar para preparar o jogador a essas demandas?’”.

Para os E-sports o psicólogo se torna ainda mais necessário por se tratar de “Mind Games”, que são jogos que trabalham com a imaginação e raciocínio. As equipes, tanto no exterior quanto aqui, já perceberam essa necessidade, e praticamente todas já têm os seus próprios psicólogos.

Para finalizar, o pesquisador deixa claro que ainda há muito que progredir nesse ramo no Brasil “O preconceito é muito grande (…) afunda toda uma área que está lutando para crescer.” E que isso ocorre por conta da pouca regulamentação e cursos oferecidos no país. Porém ele salienta que para se tornar um profissional da psicologia do esporte é necessário muito estudo e dedicação, pois demonstrar conhecimento sobre o que se está fazendo é a melhor forma de combater o preconceito na profissão.

Por Mariana Navarro

Revisão: Islaine Maciel

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