Projeto orienta alunos com problemas na escola

Orientação à Queixa Escolar é um programa do Instituto de Psicologia da USP

 

Por , Jornal da USP, 29/11/2017

Beatriz de Paula Souza e Marilene Proença são professoras do Laboratório Interinstituicional de Estudos e Pesqusia em Psicologia Escolar. Foto: Cecília Bastos/USP Imagem

No ano 2000, após anos de estudos e pesquisas, um grupo de psicólogos do Instituto de Psicologia (IP) da USP criou o Orientação à Queixa Escolar, programa que direciona graduandos e pós-graduandos em Psicologia sobre como lidar com pacientes que estejam com problemas na escola. Dentro das atividades da capacitação profissional, há um serviço de atendimento de crianças e adolescentes com queixas escolares, como, por exemplo, baixo rendimento e indisciplina em sala de aula.

Os jovens são atendidos por psicólogos durante supervisões práticas e alunos de graduação supervisionados. O programa tem como base a ideia de que não é possível ajudar os estudantes com queixa escolar através de uma análise isolada do indivíduo, e sim com base em uma articulação de todos os principais elementos que compõem sua vida. A concepção é de que a queixa escolar surge dentro de uma rede de relações, que devem ser balanceadas e investigadas para possibilitar uma melhor compreensão daquilo que afeta o paciente.

O programa, que, até os últimos anos, era voltado para o atendimento de crianças e adolescentes de classes sociais mais baixas, passou a ser muito procurado por universitários. “Tanto alunos da USP quanto de outras instituições e faculdades começaram a nos buscar”, informa a psicóloga Beatriz de Paula Souza, que atua no programa coordenado pela professora do IP Marilene Proença.

Reprodução do Livro do LIEPPE (Laboratório Interinstitucional de Estudos de Pesquisa em Pscilogia Escolar. Foto: Cecília Bastos/USP Imagem

Segundo a psicóloga, esse novo movimento vem em uma época em que o número de suicídios entre jovens tem crescido. Esse fato preocupa e alivia ao mesmo tempo: se, por um lado, a situação emocional dessa faixa etária se mostrou instável e negativa, a procura por ajuda é um bom sinal.

Durante a Orientação à Queixa Escolar, o psicólogo age como um mediador. Assim, faz parte de seu trabalho lidar com o jovem e sua família e com a escola, criando interlocuções e explorando possíveis explicações para quaisquer situações adversas que a criança, adolescente ou jovem adulto pode estar enfrentando relativamente à vida estudantil.

Antes de tomar qualquer atitude, no entanto, o psicólogo responsável conversa com o paciente e checa se ele concorda com as suas pretensões. Somente depois de chegarem a um acordo, o especialista procurará contatar a família e a instituição de ensino do jovem.

Um dos principais resultados do programa foi a publicação do livro Orientação à Queixa Escolar, organizado por Beatriz, que aglutina textos de vários dos psicólogos participantes do projeto, dados estatísticos provenientes de seus estudos.

De acordo com Marilene e Beatriz, foi uma grande surpresa descobrir o sucesso da obra: “Uma de nossas alunas fez um levantamento bibliográfico dos textos mais usados dentro do contexto da Psicologia Escolar e nós descobrimos que o nosso livro é um dos mais usados em todo o Brasil”, comentou a professora do IP. “Ficamos muito felizes.”

No entanto, o foco do grupo agora é outro: eles buscam organizar e disponibilizar o conhecimento que coletaram, para montar um banco de dados que contará com mais de mil fichas e prontuários. Dessa forma, procuram espalhar a sabedoria que acumularam ao longo dos anos e até mesmo sugerir políticas públicas relativas à educação. Ainda assim, o programa Orientação à Queixa Escolar não foi abandonado e continua em atividade.

Publicado originalmente em: http://jornal.usp.br/universidade/extensao/projeto-orienta-aluno-com-problema-na-escola-inclusive-universitarios/

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