Vítimas de golpe ou de fraude, além da perda material, sofrem a síndrome do desamparo

 

 

Atualmente é muito difícil você não conhecer uma pessoa que não tenha caído em algum golpe, seja ele da forma que for: WhatsApp, máquina de cobrança, cartão clonado ou pix, para citar alguns. Isso se você mesmo não caiu em algum. A sensação que fica depois do ocorrido é muito ruim. Os sentimentos se misturam: culpa, medo generalizado, falta de confiança, isso sem falar da irritabilidade, ansiedade, entre outros. A esse quadro se convencionou chamar síndrome do desamparo.

A psicóloga Leila Tardivo, do Instituto de Psicologia (IP) da USP, coordenadora do Laboratório de Saúde Mental e Psicologia Clínica Social, explica que as pessoas idosas, adolescentes e até mesmo as que vivem sós são mais vulneráveis a esses golpes virtuais.

O sofrimento psíquico vai depender muito do impacto que esse golpe teve na vida daquele indivíduo. Por isso, nesses momentos de insegurança e sensação de perda, é importante estar perto de outras pessoas e pedir ajuda sempre.

Situações como essas são recorrentes nos dias atuais em função da tecnologia, por isso não podemos nos intimidar diante desse quadro. E, nos casos mais sérios de síndrome do desamparo, o ideal é buscar uma ajuda profissional para recuperar a autoestima.

A tentativa de quem perde dinheiro por uma fraude é reaver o prejuízo causado pelo golpista, mas o resultado positivo, ou não, depende apenas da rapidez da vítima.

Agir imediatamente

A advogada Helena Lobo da Costa, professora do Departamento de Direito Penal da Faculdade de Direito da USP, orienta que a pessoa deve agir imediatamente após o golpe, procurando o banco antes mesmo de ir a uma delegacia.

Apesar de parecer que não, as leis no Brasil são fortes no sentido de combate às perdas nos meios digitais. O que ocorre não é falha legal, mas estrutural na fiscalização e execução de medidas.

Segundo a Federação Brasileira dos Bancos, três de cada dez pessoas já sofreram algum tipo de golpe. No ano passado, 17 pessoas foram vítimas de fraudes a cada hora no Brasil.

Por Sandra Capomaccio, para o Jornal da USP, 17/05/2023