Seminário Online do Grupo de Investigação Poéticas em Língua Portuguesa (PLP), no âmbito do projeto de investigação “Reescrever o séc. XVI”).
Marcia Arruda Franco
DATA: 5/março/2020, 14h-16h
LOCAL: Edifício 1 – sala 2.24
RESUMO: No amplo século XVI ou no início da Idade Moderna europeia, a escrita de vidas de artistas, poetas e grandes homens, tornou-se uma prática frequente, que serviu à circulação da poesia e de outros discursos. A política editorial da tipografia móvel imprimiu diferentes escritas da vida de Camões (1613/6, 1639, 1685) em prefácios, no conjunto de paratextos editoriais, e uma outra nos Discursos Vários Políticos (1624), de Manuel Severim de Faria, também acompanhadas de retratos gravados do poeta (1624,1639,1685). A constituição do discurso seiscentista sobre a vida de poetas retomou a dinâmica composicional da poética renascentista, modelizando os paradigmas de vidas de heróis, escritas na antiguidade, e de santos, no medievo, mas os superou, por juntar o relato exemplar e a sua formalização retórica ao trabalho, de caris historiográfico, de busca documental, incluindo entre os documentos os comentários de Manuel Correa e outras fontes biográficas. Formalizou-se um novo gênero de escrita, do qual a retórica, a ficção, a murmuração (fofoca), e o facto são as linhas mestras. Pedro de Maris, Manuel Severim de Faria e Manuel de Faria e Sousa, com as suas reescritas das vidas de Camões, construíram do poeta um retrato verbal cuja fortuna atinge a história literária relativa ao século XVI.
