Seminário Online do Grupo de Investigação Poéticas em Língua Portuguesa (PLP), no âmbito do projeto de investigação “Reescrever o séc. XVI”).
Marcia Arruda Franco, Professora Associada de Literatura portuguesa da USP
DATA: 26/março/2021, 11h-13h (hora de Portugal continental) / 8h-10h (hora do Brasil)
RESUMO: No século XVI, as drogas indianas constituíram o principal atrativo para o estabelecimento da rota comercial para as Índias. Deslocar o centro do comércio europeu de especiarias para Lisboa fez dessa metrópole o palco de mudanças de costumes e necessidades que introduzem os tempos modernos. Em suas ruas, inebriados pelo sonho indiano, vagavam os portugueses e europeus, sob o efeito da “peçonha clara”, para usar a imagem de Francisco de Sá de Miranda para o ópio – anfião, conforme Garcia de Orta. Os europeus experimentaram substâncias psicoativas e afrodisíacas consumidas na sociedade indiana e oriental, como o bangue, a datura, os duriões, o que os levou a construir novas imagens do mundo e reflexões sobre ele. No caso de Camões, é patente a leitura dos Colóquios dos simples e drogas, de Garcia de Orta, na construção de imagens botânicas e medicinais para as relações amorosas. Aqui pretendemos mostrar a presença do saber médico-botânico na construção de determinadas imagens e conceitos de conotação erótica na obra camoniana, por meio de uma análise comparativa das duas obras, a fim de escutar o diálogo entre as áreas implicadas do saber quinhentista, a botânica e a poesia.
