Site da USP
FacebookInstagram

Síndrome metabólica e o Câncer de mama

Você sabe o que é SÍNDROME METABÓLICA? Neste texto vamos esclarecer o que é esta síndrome.

Hoje em dia é muito comum falar sobre as doenças crônicas não transmissíveis, entre estas doenças destacamos a hipertensão arterial e o diabetes mellitus. Mas muitas pessoas nem imaginam que ter estas doenças em conjunto, caracterizam outra comorbidade denominada SÍNDROME METABÓLICA.

A Síndrome Metabólica é caracterizada pela associação de determinadas alterações hemodinâmicas- pressão arterial, e metabólicas – obesidade, resistência à insulina e a dislipidemia. Vamos explicar com a ajuda da DIRETRIZ BRASILEIRA DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA SÍNDROME METABÓLICA:

– A resistência à insulina acontece quando o pâncreas precisa produzir cada vez mais insulina para que o corpo consiga processar o açúcar do sangue. Isso pode acontecer antes do diabete.

– A dislipidemia significa que o sangue está com muita gordura (colesterol) ruim e que a gordura boa está em baixa.

– A medida da cintura para saber o quanto de gordura está ficando acumulada na região da barriga (abdome).

Para fazer o diagnóstico de síndrome metabólica, é preciso ir ao médico e fazer exames de sangue, pesar e medir e verificar também como está a pressão arterial. Com os exames, o médico poderá dizer como anda sua saúde e se você tem a síndrome metabólica.

Qual a importância de saber isso? É que estas alterações, sozinha ou juntas, aumentam o risco de doenças cardiovasculares (enfarto e derrame cerebral) e de morte.

Mas qual a relação da Síndrome Metabólica com o câncer de mama? Eles compartilham fatores de risco em comum, como a idade, obesidade, a hipertensão arterial e a hiperglicemia (aumento dos níveis de açúcar no sangue), entretanto, a relação entre eles ainda não é totalmente conhecida.

Sabe-se que um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da SÍNDROME METABÓLICA é a obesidade e este risco pode aumentar com o envelhecimento. Além disso, o sedentarismo associado aos hábitos alimentares não saudáveis também podem contribuir para o desenvolvimento desta condição. Apesar de não ser muito conhecida, sua prevalência na população brasileira é de aproximadamente 29% e essa porcentagem é maior nas mulheres (SALAROLI et al., 2007; VIEIRA et al., 2014).

Sugere-se que essa relação esteja associada ao excesso de peso, como mostrou o estudo de Kyrgiou e colegas em 2017. Eles estudaram se existe a associação entre a obesidade e o risco de desenvolvimento de câncer. Concluíram que há fortes evidências da associação entre o aumento do peso corporal e o risco de desenvolvimento de cânceres, entre eles o câncer de mama.

Outros pesquisadores, como Feitosa e seus colegas (2012) também encontraram que o envelhecimento também favorece o ganho de peso e o desenvolvimento da Síndrome Metabólica. E falam ainda da relação do câncer de mama com a Síndrome Metabólica e também há relação entre ambos com a idade, principalmente em mulheres na pós-menopausa.

Na maior parte dos casos a obesidade está associada a desordens alimentares como alta ingestão de alimentos ricos em açúcares e gorduras e baixa ingestão de fibras e não fazer atividade física regularmente. Assim o ganho de peso é devido a uma dieta inadequada como a baixa ingestão de frutas, legumes e de vegetais verdes escuros e laranjas. O resultado de comer errado? O corpo fica com falta de micronutrientes como cálcio, ferro, fósforo, magnésio, niacina, riboflavina, tiamina, vitamina B-6, vitamina C e zinco (CUSTÓDIO, et al., 2016).

 

O que podemos fazer para prevenir a Síndrome Metabólica?

As principais recomendações são desenvolver uma rotina de hábitos saudáveis como praticar atividade física de forma rotineira e manter uma alimentação balanceada, evitando o ganho excessivo de peso corporal. O Ministério da Saúde brasileiro sugere que (GUIA ALIMENTAR DA POPULAÇÃO BRASILEIRA, 2014):

  • Manter uma alimentação, diversa colorida e variada para aumentar a oferta de diferentes vitaminas e minerais presentes nos alimentos frescos (frutas, verduras e vegetais);
  • Comer durante o dia 3 porções de frutas, para aumentar fonte de fibra na dieta;
  • Comer 3 porções de verduras e legumes e 1 porção de leguminosa (Feijão, ervilha, soja, grão de bico ou lentilha) durante o dia para aumentar fonte de fibras, vitaminas e minerais;
  • Ingerir 3 porções de leite e derivados minerais;
  • Limitar o uso de alimentos processados, que são aqueles fabricados com a adição de sal ou açúcar (ou outra substância como óleo ou vinagre) a um alimento fresco (in natura), por exemplo conservas de vegetais, compotas de frutas, geleias, queijos e pães;
  • Evitar o uso de alimentos ultra processados, que são alimentos feitos pela indústria, que são nutricionalmente desbalanceado por ter altas quantidades de açúcar, gordura e sódio e baixa quantidade de vitaminas e minerais, por exemplo biscoitos recheados, salgadinhos “de pacote”, refrigerantes e macarrão “instantâneo”
  • Lembrar de consumir alimentos fontes de proteína diariamente (ovos, peixes, carnes e leite), para manter saudável a quantidade de musculo no corpo.

 

Se você identificou que possui alguns dos componentes que compõe a Síndrome Metabólica ou quer ter hábitos mais saudáveis, procure um profissional de saúde para fazer uma avaliação e iniciar o tratamento, que pode incluir mudanças dos hábitos prejudiciais à saúde, fazer atividade física e em alguns casos pode ser preciso tomar remédios.

 

Escrito pelas doutorandas: Lóris Aparecida Prado da Cruz (enfermeira) e Bruna Ramos Silva (nutricionista)

 

 

Para mais informações quanto à alimentação você pode acessar o GUIA ALIMENTAR DA POPULAÇÃO BRASILEIRA:  http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf

 

Para saber mais sobre SÍNDROME METABÓLICA:

BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Guia Alimentar para a População Brasileira. Consulta pública nº 04, Brasília: MS; 2014.

CUSTÓDIO, I. D. D. et al. Impact of chemotherapy on diet and nutritional status of women with breast cancer: a prospective study. PLoS One, v. 11, n. 6, p. e0157113, 2016.

FEITOSA, F. S. et al. Síndrome metabólica e câncer de mama: revisão sistemática. Revista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, São Paulo, v. 10, n. 6, p. 513-520, nov. 2012.

KYRGIOU, M. et al. Adiposity and cancer at major anatomical sites: umbrella review of the literature. BMJ, London, v. 356, p. 1-10, Feb. 2017.

PANDEY, S. et al. Menopause and metabolic syndrome: a study of 498 urban women from western India. Journal of Mid-life Health, Mumbai, v. 1, n. 2, p. 63-69, July 2010.

SALAROLI, L. B.; BARBOSA, G. C.; MILL, J. G. et al. Prevalência de síndrome metabólica em estudo de base populacional, Vitória, ES – Brasil. Arquivos brasileiros de endocrinologia e metabologia, São Paulo, v. 51, n.7, p. 1143-1152, out. 2007.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO (SBH). SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA (SBC). SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA (SBEM). SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (SBD). ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO SOBRE A OBESIDADE (ABESO). I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 84, 2005. Suplemento 1.

VIEIRA, E. C.; PEIXOTO, M. R. G.; SILVEIRA, E. A. Prevalência e fatores associados à síndrome metabólica em idosos usuários do sistema único de saúde. Revista brasileira de epidemiologia, São Paulo, v. 17, n. 4, p. 805-817, out. 2014.