Legenda: A imagem mostra uma cena do Pantanal em que se vê dois Tuiuiús sendo exibidos em uma televisão. Imagem de autoria própria, produzida através da plataforma online de design Canva, a partir de imagens desse site (2024).
Pesquisadores utilizaram a novela “Pantanal” como fonte de debates acerca das questões socioambientais e degradação desse bioma.
Doutorando em Educação em Ciências e Saúde pelo PPGECS/UFRJ. Mestre em Educação em Ciências e Saúde pelo mesmo programa, especialista em Ensino de Ciências (UERJ) e Licenciado em Ciências Biológicas (UERJ). Integro o Laboratório de Vídeo Educativo (LVE/UFRJ). Sou tutor dos Estágios Supervisionados II, III e IV das licenciaturas em Biologia e Química do CEDERJ e atuo como tutor de apoio e acompanhamento de aluno com necessidades educacionais especiais do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI/CEDERJ).
Instagram: @luizmontenegro2
29 de outubro de 2024 | 10:00
O bioma pantaneiro ganhou certo destaque através da telenovela ‘Pantanal”, gravada na região sul-mato-grossense. Com isso, os pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) articularam a novela às discussões socioambientais. Entre eles estão os estudantes de doutorado, Luiz Henrique Ortelhado Valverde e Gilcelany Alves da Silva, alunos de mestrado, Adler Santos Garcia Costa, de pós-doutorado, Marcos Vinicius Campelo Junior e a professora Dra. Suzete Rosana de Castro Wiziack. Todos vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências (Educação Ambiental) da UFMS.
Os autores destacam que a própria novela trouxe temáticas socioambientais, como a produção agropecuária sustentável, a perspectiva afetiva do cuidado com a Terra e a utilização de tecnologias limpas. Essa visão foi amplamente apresentada pela novela, por ser exibida em um canal aberto e em horário nobre. O discurso ambiental trazido pela produção da novela Pantanal contraria os problemas ambientais atuais e locais como as queimadas, a seca, extinção de espécies e destruição de habitats devido a ação do homem.
A novela Pantanal e a Educação Ambiental
O título do artigo desses autores consiste na pergunta “Os filhos dos filhos dos nossos filhos verão?”. Essa questão apresenta uma ambivalência, que pode ser interpretada como a novela ou como o próprio bioma Pantanal. Os autores põem em jogo a questão da preservação e da conservação do bioma. Para eles, a novela pratica um tipo de intervenção ecológica no campo da política que ajuda a popularizar o discurso da preservação da natureza. Desse modo, ela se mostra como fonte relevante para a Educação Ambiental. No decorrer do texto, os autores elencam passagens das cenas da novela, falas das personagens em que esse discurso é apropriado.
Pantanal no Ensino de Ciências
A consciência ambiental é uma competência que é necessária em tempos de negacionismo científico e de degradação ambiental. Os autores atentam que essa temática é de fundamental importância no Ensino de Ciências comprometido com a formação de cidadãos que entendam seu papel social e ambiental.
Os autores elencaram diversas discussões que podem ser trazidas no Ensino de Ciências por meio da telenovela, como a questão do assoreamento do rio, o desmatamento, a intensificação das atividades econômicas (agropecuária e agricultura) que modificam o uso do solo. São problemáticas que tem aporte social, econômico, político, cultural e ambiental. Por isso, podem ser trabalhadas em uma abordagem interdisciplinar entre diferentes componentes curriculares. Além disso, existem, na novela, pontos que possibilitam a discussão sobre a valorização dos saberes em contato com a natureza e saberes tradicionais.
Projeção da descoberta
A última edição de Pantanal foi exibida em 2022, mas ainda está recente no imaginário social, sobretudo da população mais idosa e que assiste às telenovelas. Caberia direcionar o olhar desses sujeitos para a novela Pantanal a fim de fomentar práticas de Educação Ambiental com essa parcela da população, pois geralmente são o público-alvo que ainda consome essas produções. Os materiais audiovisuais, como as telenovelas, são produtos da cultura e, com isso, carregam discursos, sentidos que podem ser apropriados por professores e educadores ambientais. Desse modo, aponta-se para a formação devida desses profissionais, com o objetivo de articular práticas direcionadas para esse público.
Por fim, os autores elencam em seu texto, as políticas e práticas do Estado do Mato Grosso do Sul, que visam articular essa discussão sobre o ambiente e trazem a importância delas no ensino e na preservação. No contexto educacional, professores que desejam promover a reflexão acerca do compromisso com a preservação da natureza e bem-estar ambiental, podem explorar o olhar para a novela Pantanal em contexto nacional. A exemplo disso, os pesquisadores do artigo trazem passagens da novela, cenas e falas, que veiculam sentidos de Educação Ambiental, esse tipo de material pode ser incorporado em práticas nas escolas e em ações educativas não formais, como modo de sensibilizar por meio de elementos do cotidiano cultural das pessoas.
Promover esse debate ambiental tem tamanha importância e pertinência tendo em vista as problemáticas socioambientais existentes, hoje, no Pantanal, principalmente as queimadas que causam impactos locais, mas que se reverberam em todo o país. O bioma Pantanal corre o risco de desaparecer até o fim deste século, se continuar com o nível de queimadas e secas. Essa preocupação é trazida no texto dos autores em seu título: “Os filhos dos filhos dos nossos filhos verão” [Pantanal]?. Diante disso, trazer essa discussão a respeito do bioma à tona é um modo de ampliar a preocupação, a discussão e a busca por soluções para enfrentar os problemas ambientais que nos atingem.
E então, ficou curioso pelo tema? Segue o link do artigo na íntegra:
Valverde, Luiz Henrique Ortelhado, Costa, Adler Santos Garcia, Silva, Gilcelany Alves, Campelo Junior, Marcos Vinicius; Wiziack, Suzete Rosana de Castro. “Os filhos dos filhos dos nossos filhos verão?” A novela Pantanal e a Educação Ambiental em Mato Grosso do Sul. Revista Insignare Scientia-RIS, v. 6, n. 1, p. 301-322, 2023.