Crianças com surdocegueira congênita podem ser divididas em dois grupos com características próprias e distintas.
Crianças com surdocegueira ou com deficiência múltipla sensorial que nasceram ou adquiriram a deficiência antes da linguagem podem ser classificadas em dois grupos.
Crianças com Comportamento Hipoativo
O primeiro grupo é formado por crianças com comportamentos hipoativos (pouca interação ou interesse em interagir), como:
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Distanciam-se do ambiente, por meio de movimentos estereotipados de mãos e dedos; balanceio rítmico do corpo;
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Isolam-se de contato de pessoas e do ambiente, podendo apresentar desinteresse pelo ambiente e por formas convencionais de comunicação; desinteresse na exploração e manipulação de objetos, brinquedos, pessoas e ambientes; apresentam indiferença a sons ou vibrações;
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Evitam se comunicar com outras pessoas, não buscam comunicação;
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Apresentam distúrbios na alimentação (rejeição de alimentos sólidos).
Crianças com Comportamento Hiperativo
O segundo grupo de crianças com surdocegueira apresentam comportamentos hiperativos (muita interação ou interesse em interagir), como:
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Apresentam-se atraídos por locais com claridade intensa (janela, luz solar, lâmpada etc.);
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Movimentam constantemente, apesar de apresentar dificuldades na locomoção (tropeçam, esbarram nos móveis e pessoas, rastejam), elas dificilmente param;
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Evitam contato visual, mas apreciam aproximar objetos dos olhos;
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Apresentam defesas táteis, isto é, não aceitam toques no próprio corpo;
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Contraem as pálpebras na tentativa de enxergar melhor (acomodação visual);
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Apresentam comportamentos de auto e heteroagressão;
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Fazem uso dos sentidos remanescentes na exploração do ambiente, tem o hábito de levar tudo à boca;
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Podem apresentar distúrbio na alimentação (rejeição de alimentos sólidos);
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Apresentam dificuldades em discriminar sinais realizados por outras pessoas e objetos entregues para exploração.
A importância de categorizar cada caso aparece quando precisamos compreender melhor como cada criança interage com o mundo para podermos adaptar os métodos e incentivos, tornando-os mais efetivos com objetivo de aproximar o mundo da criança e possibilitando um maior entendimento do mesmo.