Por Gabriela Cecchin
Todo ano, a Universidade de São Paulo (USP) sedia o SIICUSP (Simpósio Internacional de Iniciação Científica e Tecnológica da USP), evento que tem como objetivo divulgar os resultados das iniciações científicas e tecnológicas realizadas por alunos de graduação.
Na 32ª edição, realizada em 2024, o S.W.A.B foi um dos projetos participantes, sendo apresentado por Aspen Caim Fernandes Goncalves. Em uma mudança no formato tradicional, que costumava ser uma “feira” com banners expostos e explicações para os transeuntes, nesta edição os projetos foram apresentados de forma oral a uma banca examinadora e uma plateia.
Para Aspen, esse formato foi um desafio. “Quando eu recebi a notícia, não fiquei tão feliz. Sou uma pessoa mais tímida e introvertida, que não gosta de falar na frente de muitas pessoas”. Ao mesmo tempo, ela comenta que o modelo permitiu que cada trabalho fosse visto individualmente, com mais atenção.
“Eu fiquei muito feliz de ter participado. Além de divulgar meu projeto, isso me ajudou a superar um pouco esse medo de falar em público”, ressalta. “Minha preparação foi ensaiar muito na frente de outras pessoas e ouvir comentários sobre o que eu poderia melhorar, até atingir um nível que me agradasse.”
O ambiente, segundo a pesquisadora, era o de nervosismo dos estudantes, mas de acolhimento por parte da banca examinadora. “Nosso time também estava lá para me apoiar. E, apesar do medo, eu estava bem mais segura apresentando o S.W.A.B. Sou apaixonada por esse projeto, e falar dele me deixa muito feliz.”
A estudante conheceu o S.W.A.B. através de um grupo de WhatsApp de sua turma de biologia. “Eu sou formada em técnico de Meio Ambiente, e essa área de Saúde Única, conservação e ecologia sempre foi muito interessante para mim. Quando fui chamada para a entrevista, estava super nervosa, mas a professora foi super querida. Acabamos ficando duas horas conversando sem parar”, relembra.
Os primeiros dias no projeto também foram marcantes. “Assim que entrei, logo fizemos uma coleta de saliva na ONG dos gatinhos. Foi ótimo, porque eu adoro gatos. A professora foi super paciente para me explicar tudo e foi muito legal ter esse contato próximo com ela. Diferente das aulas normais, em que você só vê o professor uma vez por semana, ela estava sempre ali, muito presente e solícita.”
O S.W.A.B. é uma ferramenta para monitoramento não-invasivo de patógenos em animais silvestres. Seu principal diferencial é a amostragem que não causa estresse nos animais e elimina riscos de lesões ou mortalidade tardia. Além disso, a técnica consegue coletar uma maior quantidade de amostras em comparação com o método tradicional de captura de animais.
“Obviamente eu estava nervosa, porque aquilo ainda era uma avaliação e uma exposição séria do projeto. Mas eu também estava confiante do que eu ia falar, justamente por estar tão imersa nele”, continua Aspen. “O que mais me deixou tranquila foi a certeza de que eu sabia, de coração, do que eu estava falando.”
Segundo ela, a ideia de criar algo que pode mudar a vida de pesquisadores e ajudar a divulgar conhecimento é incrível. “O que mais gosto no projeto hoje é o trabalho de campo. Espero muito poder participar de coletas em outras áreas de conservação, com outros tipos de animais. Meu desejo é testar o S.W.A.B. em grandes felinos, como a onça-pintada. É literalmente uma meta de vida.”
*Imagem de capa: SIICUSP