Pesquisa

Esta pesquisa aborda a relação entre a produção do espaço, o mercado imobiliário e a ação dos atores sociais urbanos. A relação que se estabelece entre essas chaves de investigação tem na Política Urbana uma perspectiva de gerar potenciais cenários e fortalecer existentes.

Essa pesquisa materializa parte de nossa contribuição como consultora da Pesquisa Temática FAPESP em curso junto ao CEUCI – Centro de Estudos sobre Urbanização para o Conhecimento e a Inovação em Áreas do Conhecimento em franjas urbanas: diretrizes de implantação sustentável com o apoio da modelagem da informação.No atual contexto contemporâneo da chamada Sociedade do Conhecimento, espera-se que diversos campi universitários das cidades paulistas venham a passar por um processo de transformação nas próximas décadas, com a instalação, em seu entorno, de institutos de pesquisa e desenvolvimento, hubs de inovação e empresas de base tecnológica. Essas novas paisagens definem áreas urbanas do conhecimento que demandam uma série de equipamentos e infraestruturas, tais como habitação, serviços, saneamento, espaços livres de uso público, de lazer e produtivos, dentre outros. Tendo em vista a localização de boa parte dos campi universitários em áreas de franja urbana, observam-se interfaces com áreas agrícolas e áreas naturais, ou construídas, a serem preservadas ou requalificadas num cenário que geralmente testemunha desconexão em relação às áreas urbanas consolidadas. Essa problemática, inserida em contexto de mudanças climáticas, de destruição dos ecossistemas e de desequilíbrio econômico-social enfrentará diversos desafios e, ao mesmo tempo, potencialmente oferecerá oportunidades. A pesquisa participa desse esforço de ensaio e experimentação de novos métodos e ferramentas de planejamento urbano e da paisagem na constituição de espaços inovadores.

The originality of this research proposal lies in its central hypothesis on planetary financialization. On the one hand, it seeks to map the extension, and multifold effects (political, social, natural) of financialization in different spaces and environments, encompassing processes that span across multiple economic sectors (building, agriculture, forestry, mining, renewable energy, natural preservation) and in various countries and regions. On the other hand, it questions how these spaces and environments support and shape financialization, offering a spatio-temporal fix for financial accumulation. Its main goal is to fully elaborate, test and disseminate a theoretical and methodological framework to account for planetary financialization. This will be achieved through a series of activities and deliverables: extensive literature research, production of a concept paper, organization of an international workshop, publication of an edited book, a conference for public managers and activists, participation in courses, and the elaboration of a collaborative research project with the local scientific partner, Dr. Ludovic Halbert from Laboratoire Techniques, Territoires, Societés (LATTS) linked to Université Gustave Eiffel, Ecole des Ponts ParisTech and CNRS.

 O presente projeto dá continuidade à pesquisa ?Incorporadores e consultorias imobiliárias na construção de cidades por instrumentos financeiros? vinculada à Bolsa de Produtividade (PQ-2) desenvolvida entre 2020 e 2022, e mantém como principal problema a ser aprofundado, a ampliação das fronteiras das finanças na produção do espaço urbano. o objetivo principal deste projeto é analisar as práticas e os instrumentos dos agentes públicos e privados que participam da promoção do valor imobiliário (como, por exemplo, empresas construtoras, incorporadoras, consultorias imobiliárias, proprietários fundiários, loteadores, corretoras imobiliárias, gestores de fundos financeiros e administrações municipais), com ênfase no período pós-2014. Além disso, abordará o avanço dessas práticas em cidades do interior do estado de São Paulo e das implicações dessa instrumentação em suas dinâmicas urbanas e habitacionais.

A proposta objetiva aprofundar o conhecimento sobre a produção do urbano no Brasil contemporâneo a partir da análise da complexa e sofisticada interação entre Estado e mercado em um capitalismo marcado pela dominância financeira. O projeto resgata, atualiza e problematiza as contribuições do livro organizado por Ermínia Maricato em “A Produção Capitalista da Casa (e da Cidade) no Brasil Industrial”, publicado em 1979. Após 35 anos da Constituição Federal, pouco mais de 20 do Estatuto da Cidade, e a configuração de uma economia menos industrial, mais agrária e de serviços, cabe uma profunda avaliação de pesquisas realizadas, de avaliação de resultados e impactos de programas e políticas habitacionais e urbanas e sistematização e elaboração de investigações prospectivas. Apesar do ciclo de políticas públicas desde a redemocratização, condições precárias de moradia continuam a ser recolocadas, e de um modo mais complexo do que as metrópoles brasileiras experimentaram no período do livro citado. São permanências que exigem compreensão dos processos sociais e econômicos contemporâneos, partindo do conhecimento da realidade empírica para evitar a formulação das ideias fora do lugar características do planejamento urbano no Brasil. São propostos quatro eixos de investigação: Eixo 1, Autoconstrução e ações sobre territórios populares autoconstruídos; Eixo 2, Produção estatal da moradia, planejamento urbano e meio ambiente: condicionantes, políticas e programas; Eixo 3, Produção imobiliária e de infraestruturas no Brasil contemporâneo; e, por fim, Eixo 4, Estudos urbanos na periferia do capitalismo. O INCT articula, alavanca e potencializa a rede de pesquisadores e pesquisas por meio da cooperação técnica e científica. A atualização e elaboração de novos referenciais teóricos, metodológicos e empíricos que fomentem e instrumentalizem pesquisas e políticas públicas orientadas por evidências justifica o INCT a partir da abordagem proposta.

O projeto fornece ferramentas científicas e tecnológicas para o suporte à tomada de decisão baseada em dados e propõe definir metodologias de planejamento e gestão. Para isso, serão utilizadas técnicas de sensoriamento remoto, computação em nuvem e algoritmos de classificação de imagens por inteligência artificial para monitorar e analisar anualmente dados(existentes e criados) de áreas verdes urbanas, temperatura de superfície, espaços públicos, emissão de gases de efeito estufa (GEE), ocupações irregulares, expansão e vazios urbanos e hidrografia. A UrbVerde terá ferramentas interativas de análise para fortalecer as capacidades de planejamento e gestão das políticas urbano-ambientais (locais e regionais) de mitigação e adaptação climática. A plataforma apoiará a elaboração do PACD e o monitoramento do PAEMCABC, por meio da formulação de indicadores de desempenho em escala intraurbana, possibilitando o acompanhamento contínuo e georreferenciado. As contribuições científicas previstas envolvem o avanço na aplicação do conhecimento das áreas de sensoriamento remoto e análise espacial em processos da gestão de políticas públicas. O projeto proporcionará a integração desses conhecimentos, aplicando-os diretamente no cotidiano da gestão pública, promovendo a inovação ao introduzir a lente climática nas políticas urbano-ambientais.

Esta proposta envolve a realização de oficinas integradas e que tragam benefícios permanentes para comunidades vulneráveis e está voltada para as comunidades vizinhas ao Campus 2 da USP São Carlos: Santa Angelina, Santa Felícia, Parque Sissi e Residencial Monsenhor Tortorelli. O território de abrangência desses bairros integra o escopo de atuação do Polo de Ações Sociais da USP Campus São Carlos (PAS). O projeto tem como objetivo principal a inclusão social de jovens das comunidades vulneráveis que por meio da formação em Pré-iniciação científica, para o desenvolvimento de pesquisas que tratam da resolução de problemas locais com foco nos ODS e desenvolvimento de projetos para submissão nos editais PIBIC-EM (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica no Ensino Médio CNPq), resultando em uma continuidade do projeto proposto. O PIBIC-EM vem aumentando o interesse dos alunos participantes em ingressar no ensino superior. Para a construção crítica da realidade em que vivem e possíveis propostas para elaboração de projetos científicos, serão realizadas oficinas participativas voltadas ao desenvolvimento local sustentável e a promoção da cidadania e ao fortalecimento de políticas públicas em diálogo com os diferentes agentes envolvidos: universidades, líderes comunitários e gestores públicos. As oficinas visam a construção de perspectivas de acesso ao ensino superior por meio da difusão do conhecimento científico. Existem atualmente muitos jovens nessas comunidades em situação de vulnerabilidade, envolvidos no consumo de entorpecentes, sujeitos ao aliciamento do tráfico de drogas e sem perspectivas para um futuro melhor. A pesquisa sobre problemas vividos no dia a dia desses jovens poderá despertar o interesse pela pesquisa. Por outro lado, existem alunos com grande potencial nas escolas públicas que desconhecem a existência do Projeto PIBIC-EM e este projeto poderá servir como impulsionador de talentos e vocações..

No Brasil e na Argentina, mudanças importantes nas orientações políticas, econômicas e sociais que têm forte impacto nos campos que pretendemos analisar foram observadas nas últimas décadas. A reestruturação das relações de produção pelo regime de acumulação flexível, assim como a emergência da globalização financeira e do neoliberalismo como campo político hegemônico, transformaram a concepção de Estado e as orientações das políticas públicas em muitos domínios, constituindo-se, ao mesmo tempo, em importantes elementos modeladores do território e de enfraquecimento do papel dos atores organizados ligados aos trabalhadores.Isso contribuiu e tem contribuído para a fragmentação do próprio território, para a flexibilização das relações de trabalho e para modificar as características do trabalho com base na mudança tecnológica, entre outros processos. É também a partir desse contexto, principalmente a partir da crise fiscal dos anos 1980, que a atuação do poder local passa a ser redefinida, transformando a cidade, segundo Vainer (2002), em sujeito/ator econômico a partir do empresariamento da gestão urbana (Harvey, 1996), e do imperativo da competitividade entre cidades. Dentro desse conjunto, segundo Borja e Castells (1997), cabe ao poder local desenvolver a capacidade de criar e intensificar a sinergia entre os diversos agentes, desenvolver a infraestrutura adequada, prover conectividade aos fluxos globais e desenvolver e atrair recursos humanos capacitados.