Projetos de extensão em andamento
Infraestrutura Verde, SbN e Paisagem: estratégias metodológicas para o planejamento de cidades resilientes e sustentáveis na bacia do Tietê Jacaré
Há não mais de duas décadas instalou-se um movimento que vem protagonizando as questões do planejamento urbano e regional no mundo todo. Ele diz respeito a alternativas técnicas, notadamente de caráter infra estrutural, e tendo as lógicas da natureza como paradigma de projeto, que buscam construir territórios em maior consonância com essas lógicas, mitigando o custo ambiental da ocupação humana na Terra. A ideia de que nossos processos de ocupação dos territórios tem um impacto negativo no meio ambiente natural, a constatação da finitude dos recursos e a premência de uma mudança de atitude propagada por documentos e pesquisas nacionais e internacionais nos levam a buscar alternativas que reduzam o conflito causado pelo desenvolvimento humano. Termos como sustentabilidade e resiliência passam a fazer parte do cotidiano das publicações que versam sobre o futuro do planeta e, uma vez que se constata que o processo de urbanização é crescente, e os impactos se concentram. No Brasil, os dados demográficos atuais acusam mais de 85 da população vive nas cidades, investigam-se as possíveis contribuições que o campo disciplinar da Arquitetura da Paisagem pode vir a formular acerca dessas questões que ocupam diversos outros campos e disciplinas. Historicamente tratando dos espaços livres urbanos e regionais, a abordagem do campo disciplinar e profissional da Arquitetura da Paisagem reúne aportes de diferentes matrizes: objetivos, físico-geográficos, documentais e técnicos bem como subjetivos, socioculturais e estéticos. Tendo como premissa a ideia de que o tempo espaço para o qual se pesquisa e propõe é o que se recorta a partir da Bacia Hidrográfica do Tietê Jacaré, que contempla 34 Municípios, a pesquisa procura replicar desenvolvimentos metodológicos já experimentados na cidade de São Carlos, que participa da bacia mencionada. Através de leituras e estratégias fundamentadas no campo disciplinar da Arquitetura da Paisagem, o que se procura experimentar é a possibilidade desenvolver processos de planejamento que tenham a infraestrutura verde como princípio e as chamadas SbNs, soluções baseadas na natureza como possibilidade de desenho. O horizonte é constatar, a partir de aproximações e diferenças, se as estratégias podem ser replicadas, participando da construção de cidades mais sustentáveis e resilientes.
Educação inclusiva de jovens moradores de comunidades vulneráveis: explorando a potência da pré-iniciação científica para pensar o enfrentamento de problemas locais a partir dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
Esta proposta envolve a realização de oficinas integradas e que tragam benefícios permanentes para comunidades vulneráveis e está voltada para as comunidades vizinhas ao Campus 2 da USP São Carlos: Santa Angelina, Santa Felícia, Parque Sissi e Residencial Monsenhor Tortorelli. O território de abrangência desses bairros integra o escopo de atuação do Polo de Ações Sociais da USP Campus São Carlos (PAS). O projeto tem como objetivo principal a inclusão social de jovens das comunidades vulneráveis que por meio da formação em Pré-iniciação científica, para o desenvolvimento de pesquisas que tratam da resolução de problemas locais com foco nos ODS e desenvolvimento de projetos para submissão nos editais PIBIC-EM (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica no Ensino Médio CNPq), resultando em uma continuidade do projeto proposto. O PIBIC-EM vem aumentando o interesse dos alunos participantes em ingressar no ensino superior. Para a construção crítica da realidade em que vivem e possíveis propostas para elaboração de projetos científicos, serão realizadas oficinas participativas voltadas ao desenvolvimento local sustentável e a promoção da cidadania e ao fortalecimento de políticas públicas em diálogo com os diferentes agentes envolvidos: universidades, líderes comunitários e gestores públicos. As oficinas visam a construção de perspectivas de acesso ao ensino superior por meio da difusão do conhecimento científico. Existem atualmente muitos jovens nessas comunidades em situação de vulnerabilidade, envolvidos no consumo de entorpecentes, sujeitos ao aliciamento do tráfico de drogas e sem perspectivas para um futuro melhor. A pesquisa sobre problemas vividos no dia a dia desses jovens poderá despertar o interesse pela pesquisa. Por outro lado, existem alunos com grande potencial nas escolas públicas que desconhecem a existência do Projeto PIBIC-EM e este projeto poderá servir como impulsionador de talentos e vocações.
Projetos de extensão concluídos
A cidade, as águas, o espaço público e as pessoas: apoio à formulação de políticas públicas preventivas às mudanças climáticas
Os impactos das alterações do clima, provocados pelos modos de produção e pelos modelos de ocupação em diversas escalas territoriais, são amplamente demonstrados e comprovados por estudos e pesquisas nacionais e internacionais. Eles indicam que o aumento da urbanização pode intensificar eventos extremos sobre as cidades. Na América Latina, o fenômeno é particularmente agudo, conforme advertido pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas: 17 dos 50 países mais vulneráveis às mudanças climáticas são latino-americanos. No Brasil, a temática ainda caminha a passos lentos, sendo pouco inserida como uma pauta nas políticas públicas, sobretudo, municipais. A maioria das cidades, a despeito dos reiterados desastres relacionados à vulnerabilidade dos lugares e de suas populações, não possui sistemas eficientes de planejamento, gestão e avaliação de riscos. Em âmbito nacional, algumas políticas foram aprovadas visando o aumento da resiliência nas cidades, porém, poucos instrumentos e ações são concretizados, de modo a alterar as condições das comunidades afetadas e da cidade e seu município como totalidade. O Estado de São Paulo é um dos que mais vem sendo afetado pelos efeitos das alterações climáticas, associados, principalmente, às mudanças do uso da terra e ao processo de urbanização. Embora as metrópoles protagonizem as preocupações, as articulações necessárias para a adaptação, são igualmente importantes nas cidades médias, em especial porque nelas encontramos a presença de espaços livres passíveis de serem articulados numa ação de resiliência e pensamento num futuro alternativo às condições de vida presentes. A cidade de São Carlos, localizada na região central do Estado de São Paulo, possui cerca de 250 mil habitantes e vem apresentando, a cada ano, aumento de situações de riscos e vulnerabilidades. A análise crítica desses fenômenos e a tentativa de criação e de aprimoramento das políticas públicas locais fez com que a gestão pública promovesse algumas iniciativas, dentre elas a criação do Grupo de Trabalho de Planejamento dos Parques Urbanos GTPU, sob a coordenação da Universidade, em parceria com o governo e a sociedade civil. A finalidade do GTPU é propor estratégias, cenários, projetos e políticas públicas, com abordagens participativas, preventivas e sistêmicas, que visem incentivar uma gestão urbana atrelada aos riscos e que indiquem ações e instrumentos que alcancem a dimensão dos problemas específicos de cada situação contribuindo na alteração de uma cultura de planejamento em relação às cidades e seus municípios. A abordagem teórico-metodológica do GTPU tem na Paisagem e no Sistema de Espaços Livres um ponto de fundamental convergência. A ideia de Planejar com a Paisagem a partir dos espaços livres em uma abordagem sistêmica vêm sendo reconhecida como uma importante estratégia em relação às adaptações climáticas e de melhoria do desenvolvimento sustentável, bem como possível base metodológica para se propor um planejamento e desenho urbano que possam contribuir com uma perspectiva de desenvolvimento contemporânea pautada pelas ideias de resiliência e adaptação. Todas essas ações ampliam o papel da Universidade, disseminando o conhecimento científico e fortalecendo a inovação acadêmica na contribuição dos problemas locais em diálogo com as políticas públicas e com o contexto municipal, fazendo parte de uma nova cultura de planejamento contemporânea
Parques Urbanos e Sistema de Espaços Livres: contribuições da universidade para a gestão pública de São Carlos, SP
A cidade de São Carlos possui um Sistema de Parques e Espaços Livres pouco qualificado e desconectado. Considerando o potencial mitigador dos efeitos negativos da urbanização e de incremento da qualidade de vida, a gestão pública atual criou sete novos Parques Urbanos. O objetivo deste projeto é contribuir com o debate e com o intercâmbio de conhecimentos sobre os Parques Urbanos e o Sistema de Espaços Livres (SEL) em São Carlos, fortalecendo a inovação e o engajamento da universidade na solução dos problemas locais em diálogo com as políticas públicas e com o contexto municipal. A metodologia propõe espaços de formação; visitas aos parques; questionários de percepção; debates com a população e em conselhos municipais e divulgação dos resultados. Espera-se, com isso, fomentar a troca do conhecimento acadêmico e a aplicação de instrumentos de gestão para diversos agentes externos, tendo em vista o atendimento de demandas da sociedade.
