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Sistemas de Atividade e STEAM: possíveis diálogos na construção de um currículo globalizador para o Ensino Médio – Mariana Peão Lorenzin

Sistemas de Atividade e STEAM: possíveis diálogos na construção de um currículo globalizador para o Ensino Médio – Mariana Peão Lorenzin

Estudante do Programa Interunidades de Ensino de Ciências

Em uma sociedade caracterizada por constantes mudanças, conectividade e rápida velocidade de circulação da informação, a escola básica rediscute o seu papel na formação dos estudantes, uma vez que, compreender o conhecimento de forma compartimentada significa representar a realidade em fragmentos. Valsiner (1991) enfatiza que as sociedades e os seres humanos devem ser entendidos como “sistemas complexos constantemente submetidos a processos de desenvolvimento”, que ao recriarem a cultura, geram mudanças no conhecer, no comunicar e no integrar. A organização tradicional do conhecimento em sequências rígidas e ordenadas em disciplinas não incorpora as interações que possibilitam as relações de aprendizagem (HERNANDEZ e VENTURA, 1998), conduzindo à formação exclusiva de capacidades cognoscitivas e à visão “reducionista das múltiplas dimensões que intervêm nas situações educativas” (ZABALA, 2009). Diferentemente, o enfoque globalizador do conhecimento propõe a organização dos conteúdos de modo interligado, ressignificando a aprendizagem, seus ambientes e os papéis dos sujeitos que o constituem. Nesse contexto, a escola comprometida com os processos de desenvolvimento busca integrar o conhecimento científico e alcançar a compreensão mais completa da realidade (OLIVEIRA, 2005). Inspirado pelo movimento Maker e incorporando saberes de Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática, o STEAM (do inglês, Science, Technology, Engineering, Arts and Maths) é apresentado como uma proposta de ensino globalizador, baseado em projetos, que, a partir de problemas reais, relaciona os conteúdos disciplinares para que, integrados à estrutura de conhecimento do indivíduo, assumam significado em uma situação concreta. A construção e a implementação da proposta STEAM como parte da educação básica é um desafio que representa, dentre outras, mudanças na concepção do currículo escolar e, merece estudo com suporte teórico robusto. A Teoria da Atividade é um referencial interdisciplinar que analisa relações objetivadas entre o ser humano e o mundo, por meio de instrumentos, permitindo a leitura complexa de fenômenos com foco na sistematização de Atividades, localização de contradições e surgimento de Ciclos Expansivos de Aprendizagem (ENGESTRÖM, 1999). Este trabalho visa analisar, sob a perspectiva social, histórica e cultural, a elaboração do currículo STEAM, para 1a. série do Ensino Médio de uma escola particular de São Paulo, por meio da verificação da existência e dos tipos de Atividades, mapeamento dos tipos e níveis das tensões e contradições emergentes, bem como a análise dos Ciclos de Aprendizagem constituídos, para o apontamento de atributos resultantes das negociações. Para tanto, transcrições de gravações de reuniões e exercícios de formação, respostas a questionários escritos e a entrevistas semi estruturadas, com representantes do grupo de professores, coordenadores e diretores da escola, serão alvo de análise, com base no referencial teórico, buscando garantir a visão sistêmica sobre essa inovação. Espera-se, assim, contribuir para o entendimento dos principais elementos envolvidos em uma reorganização curricular pautada na interdisciplinaridade, considerando-se os contextos de produção e de circulação dos sentidos dados aos Sistemas de Atividades.