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Sistemas de Atividades na Divulgação Científica Universitária – Iara Grotz Moreira de Vasconcellos

Sistemas de Atividades na Divulgação Científica Universitária – Iara Grotz Moreira de Vasconcellos

Interunidades em Ensino de Ciências – 2015

A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia é um evento anual que busca mobilizar a população brasileira em torno de temas da Ciência e Tecnologia. Desde a primeira edição, em 2004, a Universidade de São Paulo promove um processo de Divulgação Científica por meio de ações de extensão. Apesar de, atualmente, o modelo de “feira de ciências” ser a principal estratégia usada pela universidade na maioria das edições do evento, pouco se conhece além do número de visitantes, escolas e ações oferecidas pelos museus e institutos que participam da feira. O presente trabalho busca investigar como ocorrem os processos de elaboração e execução do evento e como o público interage com os expositores. A pesquisa de natureza qualitativa conta com o suporte teórico da Teoria da Atividade, referencial que permite leitura complexa do fenômeno estudado, por sua abordagem histórico-cultural. O foco de análise é a sistematização das Atividades dos sujeitos para localização de contradições e tensões, elementos fundamentais para o surgimento de Ciclos Expansivos de Aprendizagem. Para isso, foram feitas entrevistas semiestruturadas com expositores, organizadores e um representante do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI). A interação do público com os estandes foi registrada em áudio e vídeo. A análise dos dados permitiu a construção do modelo da Atividade dominante do evento, ou seja, de uma Atividade comum a todos os sujeitos envolvidos na feira, caracterizada como Atividade de Negociação entre Ciência e Sociedade. Também foram caracterizadas as Atividades dos expositores, organizadores e visitantes. Na Atividade de Extensão Universitária, realizada pelos expositores, foi possível identificar que os diferentes sujeitos encontram-se em níveis de reflexão diferentes a respeito do trabalho que desenvolvem. A Atividade de Produção do Evento, executada pelos organizadores, apresentou três ciclos de aprendizagem expansiva, mostrando um amadurecimento da organização. Foi possível, ainda, identificar uma interrupção dessa aprendizagem expansiva. Ao analisar a Atividade de Visitação, foi possível perceber a importância do interesse prévio do estudante para a decisão de visitar um estande. Foram caracterizados os tipos de interação encontradas nos estandes, bem como os objetos usados pelos expositores para a construção do discurso. Estes dois elementos permitiram apontar as diferenças na duração das visitas, sendo a combinação destes determinantes para a atração do estande e a retenção do mesmo em um estande. A identificação das Atividades permitiu a construção hierárquica do Sistema de Atividades, no qual observou-se como elementos das Atividades em níveis inferiores eram influenciados pelos objetos transformados das Atividades dos níveis superiores. Sob a ótica dos níveis hierárquicos de contradição proposto por Engeström (1987), foi possível perceber a predominância de contradições terciárias, aquelas que ocorrem entre as Atividades de um sistema, e de contradições primárias, aquelas que ocorrem em um elemento da Atividade. Como contribuição para as discussões na Teoria da Atividade, propõe-se quatro categorias de contradições que emergiram da análise do evento: contradições na esfera das concepções de valores; contradições na esfera da comunicação; contradições de caráter organizacional; e contradições de caráter político.

Download do PDF: Dissertação Iara