A tripla aptidão dos equídeos

Os equídeos têm tripla aptidão: sela, tração e companhia. A cada dia aumenta o uso de equídeos como animais de companhia, resultado de diversos fatores. A mecanização gradualmente tem retirado os equídeos das atividades associados ao trabalho, especialmente como força de tração. A crescente urbanização, que ocorre em todas regiões do território nacional, trouxe os animais para ainda mais próximos do humano. Para impulsionar essa tendência, o período mais crítico da pandemia levou muitas pessoas das metrópoles para propriedades na área rural, onde conviveram mais próximo de equinos, asininos e muares, estreitando laços.
Como dito, ser animal de companhia é uma das aptidões
dos equídeos, exercida de forma nobre e competente, mas tem
induzido equívocos quando se busca uma generalização não
pertinente e nociva para a equideocultura. Os problemas surgem
quando há a busca de denominar equídeos como Pets.
Trata-se de um debate que ocorre no mundo todo, em épocas e locais diferentes. Nos Estados Unidos, por exemplo, após longa luta, houve o comemorado reconhecimento de cavalos como sendo animais de produção através do Farm Bill de 2018. Farm Bill é como se denomina a legislação referente à política agrícola do USDA (United States Department of Agriculture – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Classificar um animal como sendo de produção implica, nos Estados Unidos, em acesso às verbas de apoio estadual e federal, fundos do USDA para pesquisa de várias doenças equinas, além de benefícios tributários.
Embora os equídeos sejam excelentes companhias, inclusive fornecendo apoio emocional, são muito diferentes de animais pet típicos. Embora possam ser criados para o convívio com os seres humanos por razões afetivas, possuem aptidão e usos muito mais abrangentes. O movimento de alguns grupos mais radicais em classificar cavalos como PET implica em maiores alíquotas de impostos, menos acesso a crédito e outros prejuízos. A vigilância para que a legislação brasileira siga o exemplo dos Estados Unidos, nesse aspecto, deve ser constante.

 

(editorial publicado na Revista Brasileira de Medicina Equina,