No módulo da tarde do VII Simpósio: Conservação de Fauna In Situ – Biomas Brasileiros tivemos o prazer de receber o Dr. Jorge Salomão, médico veterinário graduado pela Universidade Metodista de São Paulo, responsável técnico da Ampara Silvestre e do Instituto Raquel Machado e colaborador e parceiro do Panthera Brasil e do Cenap IcmBio/MMA. O Dr. abordou o tema “Queimadas e alterações climáticas: desafios e perspectivas para a conservação de fauna no pantanal”, o qual pode ser conferido abaixo.
Dificuldades do trabalho na conservação
Dentre as principais dificuldades em trabalhar na conservação, destacam-se os interesses políticos e pessoais, a dificuldade de verba e investimentos, a decisão de conservação in situ e ex situ, a conscientização dos envolvidos, bem como a dosagem do quanto as atitudes estão realmente sendo favoráveis para a conservação.
Como é a dinâmica do Pantanal?
O Pantanal se caracteriza como um dos biomas mais desafiadores, por ser definido como cíclico e ter as estações bem definidas; ou seja, as ações se tornam bem mais específicas, o que atravanca o trabalho de conservação. Ainda, a dificuldade de acesso ao bioma, principalmente pelas características das estações (por exemplo, não é possível entrar de carro na época de cheia), e o fogo controlado em épocas chuvosas (de modo a evitar alastramento do fogo antes da seca) também fazem parte da conduta de funcionamento do Pantanal. Caracteriza-se como dificuldade ainda o “fogo subterrâneo”, fenômeno em que há a persistência do fogo em camadas mais profundas do solo pela presença de matéria orgânica e que, em certas condições, pode retornar à superfície.
As operações que se realizam no Pantanal, portanto, devem se preocupar com a extensão territorial acometida; o método de acesso à área; número de animais em risco; locais de destinação dos animais resgatados para receberem atendimento veterinário e licenças necessárias para as devidas ações. O suporte para a fauna, como a distribuição extensa de água, é desejável pelo maior alcance da fauna, em vez de realizar abordagens individuais (as quais são realizadas também, em certos casos).
O que é importante saber sobre os resgates em desastres?
Diferentemente de pesquisas científicas, a fauna presente nessa situação é majoritariamente manejada sem contenção, haja vista que tais animais oriundos de desastres no Pantanal estão em situação crítica, principalmente por queimadas. Assim, convém pensar sobre possíveis complicações no momento de manejo; criar rotas de fugas, considerando sempre a segurança da equipe; estudar o comportamento da espécie trabalhada e considerar como agiria em dor; e ter experiência em estimar o peso para realizar o manejo. O planejamento é o ponto de partida!
Etapas do planejamento
Quanto mais detalhado, melhor! Pré-estabelecer as funções das pessoas envolvidas, os equipamentos de contenção necessários, medicamentos e insumos, transporte e destino. Algumas situações atípicas podem ocorrer, e o planejamento deve considerar tal possibilidade também. Conta-se com a criatividade dos profissionais envolvidos em alguns casos, porém, para contornar o problema.