Espaço e Comunidades
Este eixo está encarregado, no âmbito do Projeto Temático, de acolher, fomentar e articular um conjunto de pesquisas individuais que tratam das relações entre espaço e comunidades. A constatação de que o espaço é fabricado e, ao mesmo tempo, objeto de representações, colocou para os historiadores o problema da identificação dos agentes dessa fabricação e dessas representações. As comunidades constituem, nesse sentido, uma ferramenta eficaz para a compreensão da espacialização do social, pois o que as define, no âmbito da sociologia, é a ação – seja ela fundada em expectativas, em valores ou em crenças comuns. No entanto, não há uma correspondência simétrica entre comunidade e espaço. As comunidades não existem apenas porque desenvolvem as práticas comuns de ocupação, de apropriação, de produção e de reprodução do espaço. As crises, pelo seu dinamismo, sua elasticidade e difusão no espaço, constituem fenômenos privilegiados para a compreensão da articulação entre espaços e comunidades. Essa abordagem possibilita orientar a reflexão não para a “essência” dos grupos sociais, mas para as modalidades de suas ações (o espaço produzido, a construção da memória, as reações às crises etc.) e, por meio delas, de suas inscrições no espaço. As linhas de conexão deste eixo são desenvolvidas por meio do estudo das respostas das comunidades situadas no espaço mediterrânico às crises, especialmente as crises migratórias, ambientais, alimentares e de mortalidade.
Espaço e Circulação
O Núcleo Espaço e Circulação propõe interrogar o problema da criação e da memória nos fazeres-saberes “artísticos”, “artesanais” e “populares”, em suas diversas expressões e contextos. Trata-se de inspecionar modalidades variadas de criação do ponto de vista dos sujeitos (humanos e não-humanos) e materiais; do ângulo das técnicas e dos instrumentos, eles próprios criados em função de agenciamentos diversos; também dos processos de aprendizado e formação, e dos espaços variados em que estes têm lugar. Procurar-se-á ainda seguir os destinos divergentes das coisas criadas (finalidades práticas, usos rituais, políticos etc.), com atenção às transformações que as criações conhecem em seus trajetos (a conversão do “artefato” em “arte”, por exemplo). O exame das criações artístico-artesanais deve dar atenção ainda às mediações e misturas que ligam coisas e pessoas, dispositivos, procedimentos e materialidades; contaminações criadoras que levam a processos de diferenciação e metamorfoses, fluxos e processos. A partir das problemáticas mencionadas acima, este eixo se ocupará da integração do espaço mediterrânico a partir da circulação de objetos.
Comunicação e Circulação
O Núcleo Comunicação e Circulação está encarregado, no âmbito do projeto, de acolher, fomentar e articular um conjunto de pesquisas individuais que estejam ligadas à comunicação e à circulação a partir do espaço mediterrânico. As pesquisas vinculadas ao eixo por temática também serão articuladas aos outros dois eixos do projeto. Assim, os conceitos de “comunicação e circulação” permitem tratar de questões relacionadas à construção da memória e da historiografia, da circulação de pessoas, textos e ideias, e das transferências de imagens e de objetos, das redes de comunicação política e social, das trocas comerciais e dos bens, da construção dos conceitos e do conhecimento, dos usos e circulações das formas e representações dos poderes instituídos e das resistências a eles, das trocas culturais, sociais e políticas em espaços geográficos diferenciados, seja em tempos contínuos ou descontínuos.
Métodos Digitais
O núcleo operacional História Conectada e Métodos Digitais apresentará estratégias de formação e aperfeiçoamento profissional, bem como produtos que possam atender ao aprimoramento acadêmico, técnico e tecnológico dos estudos medievais brasileiros e, também, à divulgação dos produtos do Projeto Temático. Este núcleo apoiará os três eixos de investigação, por meio do desenvolvimento de ambientes virtuais de armazenamento de base de dados, de ferramentas digitais para o aprimoramento das pesquisas, bem como de meios para a difusão dos produtos. Ele contará com o suporte do Grupo de Pesquisa Idade Média e Humanidades Digitais, criado em 2019 e que tem por objetivo fazer uso da tecnologia para elaborar novas ferramentas para a pesquisa, o ensino e a divulgação da História Medieval.