120 anos da Escola Politécnica da USP

José Roberto Cardoso, Diretor da Escola Politécnica da USP

José Luiz P. Costa Dias, Engenheiro Eletricista

As comemorações dos 120 anos da Escola Politécnica da USP, reconhecida como sendo um centro de excelência em ensino e pesquisa nas áreas tecnológica e científica, permitem rememorar sua história, suas realizações e principalmente suas contribuições à sociedade como um todo.

A POLI – como é chamada desde então – foi criada pela Lei Estadual nº 191 de 24/08/1893. Seu autor foi Antonio Francisco de Paula Souza, eminente Engenheiro graduado na Alemanha e seu primeiro diretor, defensor do ensino tecnológico em todos os níveis; o sistema de ensino tecnológico de São Paulo, com as ETEPs e FATECs, leva seu nome.

A Politécnica de São Paulo foi a terceira escola de Engenharia no Brasil, a primeira escola superior criada por um Estado e a primeira a seguir o modelo alemão, até hoje seguido, que alia o ensino prático com rigorosa formação matemática e científica.

As atividades didáticas e de pesquisas da POLI geraram outras instituições, como o IPT e o Instituto de Eletrotécnica, atual Instituto de Energia e Ambiente da USP.

Graças a dedicação de seu corpo docente altamente qualificado, ao longo de seus 120 anos foram desenvolvidos inúmeros projetos e estudos pioneiros, muitas vezes em colaboração com outras entidades. Destacam-se a modelagem das grandes barragens, o desenvolvimento e construção no país do primeiro avião, do primeiro computador e o projeto do primeiro navio oceanográfico.

A Escola Politécnica teve papel importante na Revolução de 32, projetando e fabricando armamentos e munições.

Coube ao politécnico Armando de Salles Oliveira a criação da Universidade de São Paulo em 1934, a ela incorporando a Escola Politécnica. Isto reforçou a estreita cooperação com as demais unidades incorporadas e facilitou a colaboração com as posteriormente criadas, com benefícios mútuos. Várias unidades da USP, bem como outras instituições de ensino, tiveram a participação da POLI em sua criação e estruturação.

O perfil politécnico é a alma da escola. Sua atuação profissional nas áreas técnicas, na política e na gestão de empresas e órgãos públicos tem sido fator relevante no desenvolvimento econômico e social do país. Sua formação é completada por intensa vida acadêmica, onde se destaca o Grêmio Politécnico, fundado em 1903.

A Escola Polytechnica de São Paulo teve sua aula inaugural em 15 de fevereiro de 1894 no modesto Solar do Marques de Tres Rios; tinha 7 professores, 31 alunos regulares e 28 “ouvintes”.

Hoje a Escola Politécnica da USP ocupa 150.000 m², tem 500 docentes e 500 funcionários, 4.500 alunos em 17 cursos de graduação e 2.500 em 11 cursos de pós-graduação. Em 2001 lançou um audacioso programa de internacionalização, que desde então enviou quase 1.800 alunos para realizar parte de seus cursos no exterior, dos quais 720 em duplo-diploma e recebeu, no mesmo período, 1300 estrangeiros. Este processo de internacionalização e os mais de 200 convênios com empresas e entidades públicas e privadas resultam em constante atualização curricular, inovações e grande geração de conhecimento, evidenciada por significativa produção científica.

O crescimento da POLI não é e nunca foi um objetivo em si. O objetivo da Escola Politécnica sempre foi contribuir para o desenvolvimento do país, atuando nas áreas tecnológica e científica, mas sempre consciente das implicações sociais decorrentes. Tal objetivo foi alcançado nos últimos 120 anos. A Escola Politécnica da USP está preparada para mantê-lo nos próximos 120, consciente das mudanças da própria Engenharia e da sociedade brasileira.