Valerio Cesio
Fundado em 1971, em São Paulo, por Marika Gidali e Décio Otero, no contexto de ditadura, caracterizou-se como ícone da nova dança brasileira, nacional e atual.
O Ballet Stagium foi, na década de 1970, a companhia de dança mais ativa do país, não somente por suas funções em recintos teatrais, como também por suas apresentações em pátios de escolas públicas, hospitais, favelas, igrejas, praias e estações de metrô, entre outros espaços não convencionais.
Foram especialmente marcantes as apresentações contínuas durante quinze dias na barca Juarez Távora, atravessando o rio São Francisco, em 1974. Essas atividades contribuíram para forjar uma imagem, até então inédita, de um grupo de dança no país. A maior parte do repertório coreográfico do Ballet Stagium está integrada por obras de Décio Otero, geralmente protagonizadas por sua esposa, Marika Gidali, e por ele, como partenaire. Sua obra mais marcante, Kuarup, ou A questão do índio, de 1977, foi a imagem da companhia até os anos 80.
A Kuarup seguiram-se Dança das cabeças (1978), Coisas do Brasil (1979), Os estudos brasileiros: N° 3 valsas e serestas (1979), N° 1 maracatu, N° 2 batucada (1980), N° 6 modinha (1985), N° 4 valsas brasileiras e N° 5 choros, qualquer maneira de amor vale amar (1981), Uirapuru (1983), Missa dos quilombos (1984), Pantanal (1986), Alma brasileira (1987) e A floresta do Amazonas (1989). A maioria delas com música popular brasileira, característica recorrente na maior parte das produções da companhia.
O Ballet Stagium permaneceu ativo e atuante em toda a década de 1990, coerente com a linha estética pela qual optou no início dos anos 70 e com seu compromisso com a cultura brasileira. Nesse período estrearam Sair pro mar (1990), Shamaim (1992), Luminescência (1993), Os sonhos (1994), Anjos da praça (1995), Tangamente (1996), Old Melodies (1997), Caprichos (1998) e Dance lá que eu danço cá (1998), A margem dos trilhos (2000), Pátio dos milagres (2001) e Stagium dan ça o movimento armorial (2002). Em 2004, apresentou a terceira versão de O uirapuru (as antecedentes foram em 1983 e 1998, respectivamente), reconfirmando seus interesses estéticos e uma trajetória de coerência.