Hamburgo (Alemanha), 1912 – Caracas (Venezuela), 1994
Por Francisco Alambert
Gertrudis Goldschmidt, penúltima de sete filhos de uma família de banqueiros judeus, formou-se na Faculdade de Arquitetura da Escola Técnica de Stuttgart (atualmente, Universidade de Stuttgart). Chegou a Caracas em 1939, fugindo do nazismo. Trouxe da Europa as influências do ambiente modernista germânico e de Mondrian. Fundou em Caracas uma fábrica de luminárias e móveis e trabalhou como desenhista para arquitetos. Depois de 1955, começou a fazer desenhos de linhas paralelas, a lápis ou a tinta. Sua obra madura centrou-se nas configurações espaciais de linhas, traços e arames (que a partir de 1976 foram denominadas Dibujos sin papel – Desenhos sem papel), em uma constante pesquisa sobre os aspectos ópticos e cinéticos da arte.
A primeira exposição individual de Gego aconteceu na Galeria Gurlitt, em Munique, em 1955. Em seguida, começou a lecionar na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Central da Venezuela (UCV) e na Escola de Artes Plásticas Cristóbal Rojas de Caracas. Viveu um ano nos Estados Unidos (1959), onde produziu uma de suas esculturas mais importantes do período, Sphere, hoje na coleção do Museu de Arte Moderna de Nova York. Também participou da exposição coletiva The Responsive Eye, e teve dois filmes produzidos sobre sua obra: Hierro vivo, do também artista venezuelano Carlos Cruz-Díez, e Metal alive sphere, de Richard Rayner. Entre 1960 e 1967, retomou a docência na Venezuela. Fez diversas viagens à Europa e aos Estados Unidos, onde, em 1966, passou um ano produzindo o trabalho The tamarind lithography workshop, em Los Angeles.
Em 1968, começou a elaborar trabalhos a partir de um sistema estrutural e espacial baseado em linhas, triângulos e quadrados, como Líneas paralelas (1957-1971) e as famosas Reticuláreas, apresentadas no Museu de Belas-Artes de Caracas e no Center for International Relations de Nova York, em 1969. A partir de 1970, iniciou seus trabalhos de articulações com arames dispostos de diversas formas. Em 1979, recebeu o Prêmio Nacional de Artes Plásticas da Venezuela. Em 1984, seus Dibujos sin papel foram expostos no Museu de Belas-Artes de Caracas. Teve uma sala especial na XXIII Bienal de São Paulo (1996) e seus trabalhos foram publicados no livro Gego: obra completa, 1955-1990 (Caracas: Fundación Cisneros, 2003) por ocasião da exposição Gego 1955-1990, realizada em Caracas. Em 2003, suas obras foram expostas na 50ª Bienal de Veneza.