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La presidenta de Brasil, Dilma Rousseff, recibe del presidente venezolano, Nicolás Maduro, un cuadro del ex presidente Hugo Chávez, en mayo de 2013 (Valter Campanato/Abr)

Maduro, Nicolás

Caracas (Venezuela), 1962

Por Carlos Serrano Ferreira

Nicolás Maduro Moros nasceu em El Valle, bairro da capital venezuelana, em 23 de novembro de 1962, numa família de classe média baixa e de militantes de esquerda e sindicalistas. Seu pai, Nicolás Maduro García, foi um dos fundadores do Movimiento Electoral del Pueblo (MEP), organização socialista que nasceu de uma ruptura do social-democrata Acción Democrática (AD), em 1967.

À exceção de uma curiosa participação durante a adolescência num grupo de rock chamado Enigma ou de ter sido um grande jogador juvenil de beisebol, o que marca desde muito cedo sua juventude foi a militância socialista. Maduro coloca-se à esquerda de sua família, sob o impacto da revolução cubana. Desde criança acompanhou as ações de repressão à Universidade Central de Venezuela (UCV), próxima à sua casa. Já na quarta série do ensino fundamental foi suspenso por três dias por defender a Revolução Cubana das críticas das freiras que lecionavam em sua escola. Colaborou, assim, com as juventudes de esquerda desde cedo, começando a militar com apenas doze anos na Frente de Unidad Estudiantil del Liceo Urbaneja Achelpohl, tendo logo depois ingressado na organização Ruptura, braço legal do clandestino Partido de la Revolución Venezolana (PRV) de Douglas Bravo.

Ligou-se posteriormente à Liga Socialista, organização maoísta e fachada legal da Organización de Revolucionarios (OR). Maduro se destacou como organizador e agitador político e por isso foi enviado para Havana, entre 1986 e 1987, para cursos de formação na Escuela Superior de Cuadros Ñico López, do Partido Comunista de Cuba (PCC), onde estudou filosofia marxista, economia política, historia de América Latina e outros temas. Em seu retorno participa do Caracaço.

 Em 1990, após ser aprovado em concurso, começou a trabalhar no Metrô de Caracas como motorista de ônibus da Metrobús, seguindo um plano da Liga Socialista com vistas à construção de uma força sindical combativa. Passou a liderar mobilizações, tornou-se dirigente sindical e, em 1993, fundou e dirigiu o Sindicato de los Trabajadores del Metro de Caracas (SITRAMECA), além de representar o mesmo nas negociações com a patronal.

Se na insurreição de 4 de fevereiro de 1992 Maduro foi pego de surpresa, e temeu por novas perseguições – pois ao longo de toda sua trajetória sofreu com a repressão política – no novo levante – também derrotado – de 27 de novembro participou ativamente, mobilizando pessoas e bairros de Caracas. Nesse meio tempo começou a ter contato com o movimento militar bolivariano do líder insurrecional Hugo Chávez, com quem esteve pessoalmente pela primeira vez numa reunião na prisão, em 16 de dezembro de 1993, e de quem desde a libertação em março de 1994 passou a estar ao lado. Em dezembro de 1994 foi convidado por Chávez para compor a direção nacional do reorganizado Movimento Bolivariano Revolucionário 200. Em 1997 participou da construção do Movimento Quinta República (MVR) em apoio à candidatura presidencial de Chávez, que venceu em 1998 com 56% dos votos.

Posse de Nicolás Maduro como Presidente da República Bolivariana da Venezuela, em 19 de abril de 2013 (Xavier Granja Cedeño/Ministério de Relações Exteriores, Comércio e Integração do Equador/CC BY-SA 2.0)

 

Nessa mesma eleição Maduro tornou-se deputado e líder da bancada parlamentar. Com a convocação da constituinte, Maduro presidiu a Assembleia Nacional Constituinte de 1999. Foi eleito novamente deputado e, em janeiro de 2005, tornou-se presidente do legislativo nacional, renunciando em 2006 para atender ao convite de Chávez para o cargo de ministro das relações exteriores, função que desempenhou até janeiro de 2013. Notabilizou-se como um construtor da política externa bolivariana, trabalhando na construção da unidade latino-americana – com projetos como a ALBA e a UNASUL – e de contra-hegemonia mundial, na construção da paz e da multipolaridade e na resistência ao imperialismo americano. Estabeleceu novos e fortes laços com países resistentes, como a Rússia, a China, a Síria e o Irã. Aprofundou a solidariedade com a Palestina e a Cuba socialista, tendo um papel protagonista no retorno de Cuba à OEA, após 47 anos de suspensão, e foi uma das principais vozes contra os golpes em Honduras que derrubou Manuel Zelaya (2009) e no Paraguai que depôs Fernando Lugo (2012).

Em 7 de outubro de 2012, Hugo Chávez foi reeleito para um quarto mandato e com a saída de Elías Jaua da vice-presidência para concorrer ao governo de Miranda, em 10 de outubro Maduro foi nomeado vice-presidente executivo. Em 8 de dezembro de 2012 foi escolhido, também por Chávez, como seu sucessor para o caso de que não sobrevivesse ao câncer contra o qual lutava. Desta forma, o líder bolivariano se adiantou a uma possível disputa pela sua sucessão entre Maduro e Diosdado Cabello.

Com a morte de Chávez em 5 de março de 2013 e após contestações da oposição, a Suprema Corte considerou-o presidente da República, declarando legal a sua candidatura para as eleições presidenciais. Estas se deram em 14 de abril de 2013, da qual ele saiu vitorioso por 50,66% contra os 49,07% do opositor Henrique Capriles. Desde este momento mantêm-se a tônica das ações dos opositores contra o qual lutara Chavéz e que Maduro vem desde então combatendo: o golpismo. Tentaram invalidar a eleição e exigiram recontagem, a qual apenas confirmou a vitória de Maduro. Desde então sua presidência enfrenta-se com tentativas de magnicídios e golpes orquestrados e instrumentalizados pelas oligarquias e grande mídia venezuelanas, apoiadas pelos Estados Unidos. Também se enfrenta com ações econômicas desestabilizadoras do processo revolucionário. Maduro governa numa conjuntura internacional difícil com a queda do preço do petróleo, principal produto de exportação.

Na vida pessoal, é casado com a advogada, ex-deputada e ex-presidente da Assembleia Nacional – primeira mulher a desempenhar tal função – e ex-procuradora-geral da Venezuela, Cilia Flores.