Fuerteventura, Ilhas Canárias (Espanha), 1909 – Assunção (Paraguai), 1999
Adriana Veríssimo
A crítica especializada reconhece que a poesia, o teatro, as artes plásticas e a vida acadêmica do Paraguai do século XX não se explicam sem Josefina Plá, cuja obra é praticamente desconhecida fora de seu país. Espanhola, emigrou aos dezoito anos para o Paraguai, seu país do coração, já casada por procuração com o ceramista Andrés Campos Cervera, 21 anos mais velho, conhecido internacionalmente sob o pseudônimo de Julián de la Herrería.
Ao lado de seu marido, renovou as artes plásticas no Paraguai. Foi jornalista na imprensa escrita, trabalhou no rádio e organizou exposições de arte. Sua obra poética, que não ultrapassa uma centena e meia de poemas, fala da dor de se estar vivo. No livro de poemas Tiempo y tiniebla (1982), escreveu o seguinte: “o vestido que veio demasiado cedo, que jamais caiu bem, o vestido, que chegou já tarde, para ir à festa, quando já tinha adormecido”. Entre seus livros de poesia destacam-se ainda El precio de los sueños (1934), seu primeiro trabalho, El polvo enamorado (1968), Antología poética (1977), Cambiar sueños por sombras (1984) e La llama y la arena (1987).
Com a morte de Andrés, em 1934, durante sua temporada na Espanha, Josefina Plá decidiu voltar para o Paraguai. Ao lado do poeta Hérib Campos Cervera e Augusto Roa Bastos, que sempre se declarou seu discípulo, formou a tríade célebre da chamada Geração dos 40. Ao contrário de seus colegas de geração, Josefina sempre teve uma relação difícil com a ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989). Em 1940, nasceu o seu filho Ariel, registrado com o sobrenome materno.
Doña Josefina Plá, como é respeitosamente chamada pelos paraguaios, recebeu o título de doutora honoris causa da Universidade Nacional de Assunção e prêmios em artes no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Madri. Ela fazia parte Sociedade de Autores Argentinos e foi indicada em 1989 e em 1994 ao Prêmio Cervantes, tido como o mais importante da língua espanhola.