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Veríssimo, Érico

Cruz Alta, 1905 – Porto Alegre (Brasil), 1975

Por Flávio Aguiar

Memória e história juntam-se na essência da obra de Érico Veríssimo, desde o romance primeiro, Clarissa (1933). Mas é na trilogia O tempo e o vento (O continenteO retrato O arquipélago) (1949-1962) que esses elementos consolidam-se. Os romances evidenciam no traçado literário o trajeto histórico do país cujo foco estava no Rio Grande do Sul, repercurtindo transformações que se firmaram no romance latino-americano que surgiu logo depois da Segunda Guerra Mundial. A linguagem clara, com tom documental, traz nas narrativas de personagens urbanos e rurais as diferenças sociais e políticas da realidade brasileira.

Comprometido com a liberdade, o escritor gaúcho era taxado ora de comunista, por Caminhos cruzados (1935), em que mostrou o contraste entre riqueza e pobreza, ora como alienado, ao apresentar a essas cobranças a recusa “em transformar romance em panfleto político”. Calcada na prosa, sua literatura reúne contos, histórias infantis, infantojuvenis e quase teatrais, como as que estão reunidas no livro de estreia, Fantoches (1932).

O jornalismo, a tradução e a atividade editorial fizeram parte de sua carreira, de forma significativa, desde o princípio em 1930, quando assumiu a Revista do Globo, em Porto Alegre, e conviveu com escritores como Mário Quintana e Augusto Meyer. Foi colaborador das edições dominicais dos jornais gaúchos Diário de Notícias Correio do PovoO sineiro, de Edgar Wallace, foi seu primeiro trabalho de tradução, seguido por uma série de títulos.

Foi com o segundo romance, Música ao longe, que recebeu o Prêmio Machado de Assis juntamente com Dionélio Machado (Os ratos), Marques Rebelo (Marafa) e João Alphonsus (Totônio Pacheco). Outros prêmios: Jabuti (1966), Personalidade Literária do Ano (Pen Club, 1972). A intimidade com a cultura de língua inglesa e a paixão pela literatura brasileira o levaram aos Estados Unidos, como professor universitário e conferencista. Foi autor de livros de viagens, entre os quais se destaca México (1957). Ainda hoje é inspirador e referência para escritores do sul do Brasil como Luís Antônio de Assis Brasil, Sérgio Faraco e outros. Outras obras: O prisioneiro (1967); Incidente em Antares (1971).