Williams, Eric

Port-of-Spain, 1911 – Saint Anne (Trinidad e Tobago), 1981

Rafael Affonso de Miranda Alonso

(Reprodução/WIKIMEDIA Commons)

Eric Eustace Williams nasceu em 25 de setembro de 1911 e foi a principal liderança de Trinidad e Tobago durante os últimos anos do período colonial e a consolidação do novo país. Depois de concluir os estudos fundamentais no Queen’s Royal College, em Port-of-Spain, capital de Trinidad, seguiu para a Inglaterra em 1932, onde se formou em história pela Universidade de Oxford. Defendeu tese de doutorado em 1938, também em Oxford. Sua monografia se tornaria uma importante referência dos estudos sobre a escravidão, chamada The economic aspect of the West Indian slave trade and slavery (O aspecto econômico da união escrava da Índia Ocidental e a escravidão). A obra foi publicada em 1944, com o título Capitalism and slavery (Capitalismo e escravidão), e ganhou edições em diversos idiomas.

Em 1939, radicou-se nos Estados Unidos e lecionou na Universidade Howard, em Washington, durante quase toda a década de 1940. Por volta de 1948, passou a envolver-se diretamente nas discussões sobre o futuro da região caribenha. Nessa época, participou da Comissão Anglo-Americana para o Caribe e, em 1948, deixou o magistério.

Quando voltou a Trinidad, em 1955, já estava completamente envolvido nas questões políticas locais e regionais, como uma importante liderança intelectual. Nesse ano, proferiu um célebre discurso, “Minhas relações com a comissão para o Caribe”, em que explicou sua participação na referida comissão e os motivos de sua saída. Em 1956, fundou o partido Movimento Nacional Popular (MNP) que, logo em seguida, saiu vitorioso das eleições e nomeou Williams para o posto de ministro-chefe do território. A partir daí, nunca mais deixou o comando do governo, até sua morte, em 1981. Em 1959, Trinidad ganhou autonomia para gerir os negócios internos, e Williams tornou-se seu premiê.

Em 1962, ele conduziu as negociações com os britânicos, que resultaram na proclamação de independência de Trinidad e Tobago, processo concluído no dia 31 de agosto. O nacionalismo de Williams sempre foi moderado. A radicalização de alguns movimentos populares e de cunho étnico, nos anos seguintes, causariam sérios conflitos internos, que explodiram em abril de 1970, com o chamado movimento black power, inspirado no movimento dos jovens negros dos EUA. Os manifestantes chegaram a exigir a renúncia de Williams, que decretou estado de emergência depois que uma parte do Exército aderiu ao movimento. Ele chegou a solicitar a intervenção dos EUA.

Os manifestantes reivindicavam medidas contra o desemprego e o fim do domínio das empresas estrangeiras sobre a economia nacional. O movimento foi severamente reprimido e a intervenção estrangeira não foi necessária para sustentar o governo de Williams. Somente em 1972 o estado de emergência seria suspenso pelo próprio Williams.

Depois de 25 anos no poder, tendo conduzido o processo de independência e a organização do Estado da nova nação soberana, Williams foi considerado a personalidade mais importante da política de Trinidad e Tobago no século XX. Deixou como legado um amplo projeto de desenvolvimento, baseado em premissas liberais como a abertura do país aos investimentos estrangeiros e a busca de cooperação internacional. Realizou muitos investimentos no campo educacional e procurou modernizar a estrutura produtiva do país por meio de um programa de diversificação da agricultura e da indústria. No entanto, jamais foi unanimidade e, apesar de afrodescendente, enfrentou, em mais de um momento, a ira dos jovens black power. No âmbito da política externa, buscou agir de modo pragmático, muitas vezes contrariando a esquerda, inclusive a do seu partido.

Morreu dormindo, em 29 de março de 1981. Sofria de diabetes. Deixou muitos livros e outros escritos publicados em várias partes do mundo. Os mais conhecidos, além de Capitalism and slavery, são: The negro in the Caribbean (O negro no Caribe), History of the people of Trinidad and Tobago (História do povo de Trinidad e Tobago), British historians and the West Indies From Columbus to Castro (Historiadores britânicos e as Índias Ocidentais de Colombo a Castro).