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Xul Solar

San Fernando, 1887 – Tigre (Argentina), 1963

Por Francisco Alambert

Em 1949, Jorge Luis Borges disse que “Xul Solar é um dos acontecimentos mais singulares de nossa época”. Para o escritor argentino, “suas pinturas são documentos do mundo ultraterreno, do mundo metafísico em que os deuses tomam as formas da imaginação que os sonha”.

Em sua diversificada carreira, Oscar Agustín Alejandro Schulz Solari (Xul Solar), além de ter sido, na opinião de muitos, o pintor que melhor adaptou e desenvolveu os princípios do surrealismo na América Latina, foi também inventor de um idioma (o neocrioulo), criador de jogos (o panajedrez), poeta, crítico de arte, criador de um sistema duodecimal de numeração e do Teatro del Destino, entre outras coisas.

Filho de pai russo e mãe italiana, iniciou o curso de arquitetura em Buenos Aires, em 1906, para abandoná-lo no ano seguinte. Em 1912, trabalhando em um navio, chegou a Londres, iniciando um longo período na Europa. Apenas em 1920 realizou sua primeira exposição em Milão, com o escultor Arturo Martini. Vivendo e viajando por diferentes cidades em diversos países, em 1924 expôs em Paris, no Musée Galliéra, com outros artistas da América Latina. No mesmo ano retornou a Buenos Aires, e, em 1925, após o encontro com o grupo conhecido como “martinfierristas” (entre 1924 e 1927, colaborou como ilustrador na revista Martín Fierro), realizou uma exposição no Salón de los Independientes.

Nos anos 1920 e 1930, participou de diversas mostras ao lado dos mais importantes artistas da Argentina e do Uruguai. Nos anos 1940, fez várias conferências sobre astrologia e temas como “Universidad espiritualista americana” e “Usos nord­buddhistas adaptables a nuestra mentalidad”, além de estudar o idioma guarani. Em 1944, ilustrou a obra Un modelo para la muerte, de B. Suárez Lynch (pseudônimo de A. Bioy Casares e Jorge Luis Borges). Nos anos 1950, já consagrado como pintor e pensador, realizou diversas exposições. Em 1954, foi viver em uma casa no Delta, sobre o río Luján, instalando ali seu ateliê, que ele mesmo projetou, e onde trabalhou até o fim da vida.

Em 1962, o Museu Nacional de Arte Moderna de Paris inaugurou uma grande exposição de seus trabalhos. Atualmente, existe um museu em sua homenagem na cidade de Buenos Aires. Em suas obras, a influência das diversas vertentes das vanguardas europeias (cubismo, fauvismo, futurismo, expressionismo e surrealismo) ou de pintores como Paul Klee dão forma a uma simbologia pessoal, habitada por figuras oníricas, próximas da fábula, com cores fortes, configurando espaços povoa­dos pelo sol, por castelos, montanhas, serpentes, horóscopos e labirintos.