Helena Albergaria
O Pregones, criado em 1979, é um dos mais politizados grupos teatrais porto-riquenhos em Nova York. Teve entre seus primeiros integrantes o ator Luis Menéndez e a atual diretora, Rosalba Rolón. O nome do grupo provém de sua montagem inaugural, encenada por Víctor Fragoso – colagem de cenas escritas pelos principais dramaturgos modernos de Porto Rico, entre os quais René Marqués e Luis Rafael Sánchez. Seguiram-se El circo (do salvadorenho Álvaro Menéndez Leal, 1981) e Areito de pescadores (1982), que mostra a vida de uma comunidade pesqueira diante da presença de uma base militar norte-americana. Nos anos seguintes, o Pregones restringiu sua estrutura de trabalho em torno de um núcleo profissionalizado de quatro artistas – Álvaro Colón, Judith Rivera, Jorge Merced e Rosalba Rolón –, abriu seu próprio espaço e modificou a pesquisa de linguagem em relação ao estilo de teatro popular praticado até então.
O primeiro resultado importante desse processo foi o espetáculo Migrants! Cantata a los emigrantes (1987), dedicado à classe trabalhadora porto-riquenha, que utilizou música ao vivo e formalizações visuais mais apuradas. Nos trabalhos seguintes, o Pregones passou a utilizar dois idiomas, espanhol e inglês, e se preocupou em apresentar textos de autores de ascendência porto-riquenha, mas nascidos e criados nos Estados Unidos, como La marcha nupcial , espetáculo baseado nos contos de Judith Ortiz Cofer. Nos últimos anos, o grupo tem realizado parcerias artísticas e pedagógicas com o Teatro Rodante Puertorriqueño, no intuito de ampliar materialmente seu projeto crítico em relação às questões porto-riquenhas nos Estados Unidos e continuar encenando os temas da discriminação, do deslocamento social, da desagregação e da miséria imposta.