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Coutinho, Eduardo

São Paulo, 1933 – Rio de Janeiro (Brasil), 2014

Por Afrânio Mendes Catani

Cineasta brasileiro, diretor e roteirista. Foi jornalista de 1953 a 1957. Estudou a partir de 1958 no Institut des Hautes Études Cinématographiques (IDHEC), na França. De volta ao Brasil, integrou-se ao Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE) e trabalhou como gerente de produção do longa-metragem de episódios Cinco vezes favela (1962). Radicou-se no Rio de Janeiro a partir de então e, nesse mesmo ano, fez parte da UNE volante, viajando por todo o país, registrando os problemas sociais das diversas regiões. No Estado da Paraíba, filmou um comício em que participou Elisabeth Teixeira, viúva de João Pedro Teixeira, líder camponês assassinado por latifundiários locais. Formou-se aí o embrião de Cabra marcado para morrer, documentário sobre os acontecimentos da luta pela terra no Brasil. Antes do término das filmagens ocorreu, em 1964, o golpe militar: as filmagens foram interrompidas, vários camponeses que participaram do filme foram presos, a equipe, obrigada a fugir, e o equipamento, apreendido. Parte do material filmado salvou-se por ter sido enviado a um laboratório no Rio de Janeiro. Coutinho, então, trabalhou como corroteirista em A falecida (Leon Hirszman, 1965), Garota de Ipanema (Hirszman, 1967), Os condenados (Zelito Vianna, 1974), Lição de amor (Eduardo Escorel, 1975) e Dona Flor e seus dois maridos (Bruno Barreto, 1976). Roteirizou e dirigiu seu primeiro longa-metragem, a comédia O homem que comprou o mundo (1969). Em seguida fez Faustão (1971), filme de cangaço. Nesse mesmo ano voltou ao jornalismo, chegando a fazer crítica no Jornal do Brasil.

De 1975 a 1984, trabalhou na Rede Globo de Televisão, no programa “Globo Repórter” (diretor, editor e redator), aprendendo a fazer documentários. Retomou a produção de Cabra marcado para morrer, lançado em 1984, obtendo consagração nacional e internacional. O filme marcou o reencontro entre o diretor e o povo da região, quase duas décadas depois. Dedicou-se ao vídeo documental independente durante parte dos anos 1980. Voltou ao cinema, com Fio da memória (1991), abordando a cultura africana e, anos depois, passou a fazer longas captados em vídeo e finalizados em película. Assim, surgiram Santo forte (1999), acerca da experiência religiosa de moradores em favela do Rio de Janeiro, e Babilônia 2000 (2001), versando sobre o que os moradores do morro da Babilônia esperavam com a chegada do novo milênio. Edifício Master (2002) concentrou-se no cotidiano dos moradores de um prédio no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro; Peões (2004) enfocou sindicalistas dos anos 1970 e 1980, colegas do presidente Luiz Inácio Lula da SilvaO fim e o princípio (2005), filmado no sertão paraibano, recolheu depoimentos sobre a vida dos moradores da região. Seu último trabalho foi o documentário A Família de Elisabeth Teixeira (2014).

O cineasta Eduardo Coutinho na favela Babilônia, durante as filmagens do documentário Babilônia 2000, no Rio de Janeiro, em 1999 (Festival de Cinema de Brasília 2014/Mostra Eduardo Coutinho/Objeto Sim Projetos Culturais)