Você está visualizando atualmente Turkis e Caicós

Turkis e Caicós

Paulo Vieira

Nome oficial Turks and Caicos Islands
Localização Caribe. Dois grupos de ilhas situados no oceano Atlântico norte, a sudeste das Bahamas e ao norte do Haiti
Estado e Governo¹ Território de Ultramar
da Grã-Bretanha
Idiomas¹ Inglês (oficial)
Moeda¹ Dólar norte-americano
Capital¹ Cockburn Town
(5 mil hab. em 2014)
Superfície¹ 948 km²
População² 30.993 hab. (2010)
Densidade
demográfica²
72 hab./km² (2010)
Distribuição da
população³
Urbana (90,23) e
rural (9,77%) (2010)
Composição étnica¹ Negros (87,6%), brancos (7,9%), mestiços (2,5%), indianos do leste (1,3%), outros (0,7%) (2006)
Religiões¹ Protestantes (72,8%), católica romana (11,4%), testemunhas de Jeová (1,8%), outras (14%)

 

PIB (PPP)¹ US$ 632 milhões (2007) 
PIB per capita (PPP)¹ US$ 29.100 (2007)
Eleições¹ Governador-geral indicado pela rainha da Inglaterra. Legislativo unicameral composto do conselho legislativo com 19 membros, sendo 4 indicados e 15 eleitos por sufrágio universal. Todos cumprem mandatos de 4 anos. Após as eleições legislativas o líder do partido majoritário é nomeado primeiro-ministro pelo governador.
Fontes:
¹ CIA. World Factbook
² ONU. World Population Prospects: The 2012 Revision Database
³ ONU. World Urbanization Prospects, the 2014 Revision

Um dos últimos territórios coloniais da Grã-Bretanha na América Latina, o arquipélago de Turkis e Caicós situa-se a cerca de 50 km a sudeste das Bahamas – seu prolongamento natural – e 140 km ao norte da Ilha de Hispaniola (República Dominicana Haiti). É formado por Grande Turkis, onde fica a capital, Cockburn Town, e mais 29 ilhas, oito delas desabitadas, que perfazem 948 km². Segundo estimativas, tem uma população de 30 mil habitantes, majoritariamente negra (87,6%). É uma das regiões “mais jovens do mundo”, pois somente 4% de sua população tem mais de 65 anos de idade. Sua taxa de fertilidade, conforme dados do ano 2000, também é uma das mais altas do continente, com 3,25 crianças por mulher.

As principais atividades econômicas do arquipélago são o turismo, graças a seus excelentes pontos de mergulho e hotéis de luxo, os negócios imobiliários, a pesca e, sobretudo, o mercado financeiro. Como outras colônias inglesas e holandesas, é um dos paraísos fiscais do Caribe. Tem uma jurisdição de “taxa zero”, hospeda contas offshore e não controla as transferências de fundos provenientes de outros países.

Os corais de arrecifes e o mar cristalino fazem do arquipélago um dos dez melhores pontos de mergulho da Terra, segundo o guia especializado Lonely Planet. Com aeroportos internacionais nas ilhas Providenciales, Grande Turkis e Caicós Sul, o arquipélago conta com linhas regulares para os Estados Unidos e o Canadá. Mais da metade dos 100 mil turistas anuais são norte-americanos. Voos domésticos conectam as demais ilhas, com exceção de Caicós Leste e Caicós Oeste, duas das desabitadas. Navios ligam as ilhas de Caicós Norte e Caicós Média.

Pouca água e muito calor

Acredita-se que o nome Turkis originou-se de um cacto abundante existente no arquipélago, o “cabeça de turco”, e Caicós seja uma corruptela de “caya hico”, que significa conjunto de ilhas, numa mescla do espanhol com a língua dos lucayans, última tribo indígena a habitar a região. O meio circulante é o dólar norte-americano e o idioma oficial, o inglês.

Turistas visitam uma fazenda de conchas em Turkis e Caicos (James Willamor/Creative Commons)

Dada a limitação da estrutura produtiva do arquipélago, a maioria dos alimentos e produtos de uso doméstico é fornecida pelo Reino Unido. Cerca de 33% de seus habitantes trabalham em repartições públicas, 20% na pesca (lagosta e conchas, especialmente) e na agricultura (milho, feijão, tapioca e cítricos). Os demais, 47%, dedicam-se ao turismo, às finanças e aos serviços.

As oito ilhas desertas não dispõem de água potável e as reservas de Turkis e Caicós em geral são bastante reduzidas. Por esse motivo, a população armazena a água das chuvas em grandes cisternas a céu aberto. Mas chove pouco na região: as ilhas têm uma média de 350 dias de sol por ano. A temperatura varia de 29 a 32 graus entre junho e outubro e de 27 a 28 graus entre novembro e maio.

 

Escravos abandonados pelos senhores

As tribos indígenas originárias foram os tainos e, depois, os lucayans. As ilhas foram descobertas por Juan Ponce de León, mas há entusiastas da tese de que Cristóvão Colombo teria aportado ali durante a expedição de 1492. Como os espanhóis não fundaram povoados, durante quase dois séculos as ilhas nem sequer faziam parte das rotas de navegação, por não possuírem ouro ou bons atracadouros naturais.

Somente em 1678, graças à chegada de algumas famílias das Bermudas, começaram as explorações de sal, também chamado de “ouro branco”, e de madeira para lenha. A produção de sal prossegue, facilitada pelas águas rasas do arquipélago. Mas parte da cobertura vegetal foi dizimada, o que reduziu ainda mais a ocorrência de chuvas.

Inicialmente, o sal era enviado para as colônias inglesas, que o utilizavam na secagem do bacalhau. A atividade prosperou e o governo das Bahamas estendeu, em 1776, sua jurisdição sobre Turkis e Caicós. Isso, contudo, não bastou para impedir a ação dos piratas e os saques aos comerciantes de sal. Os franceses dominaram o arquipélago por breves períodos em 1778 e 1783. Após a independência dos Estados Unidos, quarenta colonos leais à Coroa britânica deixaram a Geórgia e a Carolina do Sul e aportaram nas ilhas. Para produzir algodão, importaram os primeiros escravos africanos. Suas plantações, contudo, em não mais de quarenta anos, foram dizimadas por pragas naturais e pelas intempéries. Os fazendeiros deixaram a ilha, mas os negros permaneceram, desenvolvendo atividades extrativistas e uma agricultura de subsistência.

Em 1848, atendendo a uma petição dos moradores, o arquipélago teve uma experiência de autogoverno sob a supervisão do governador da Jamaica. Em 1872, foi anexado à Jamaica, situação que vigeu até 1962. Durante onze anos, permaneceu sob a administração das Bahamas. Em 1973, com a independência das Bahamas, Turkis e Caicós tornou-se colônia do Reino Unido. Em 30 de agosto de 1976, foi promulgada sua Constituição, que seria revisada em 1988. Em 1982, as negociações da independência com a “metrópole” não chegaram a bom termo.

O arquipélago de Turkis e Caicos é conhecido pelo turismo e como sendo um paraíso fiscal (Jonathan Palombo/Creative Commons)

 

Tropas contra a oposição

Durante os anos 1980 e 1990, as ilhas viveram um boom de negócios imobiliários e grandes porções de terras foram adquiridas por industriais norte-americanas. As obras em infraestrutura aeroportuária ajudaram no desenvolvimento do turismo. Um Club Méd, da conhecida rede francesa de resorts, instalou-se nessa época na ilha de Providenciales.

Em 1996, devido a declarações do governador Martin Bourke admitindo que o território estava sob controle do narcotráfico, a oposição passou a exigir sua deposição. Em abril desse mesmo ano, o Reino Unido enviou o navio de guerra HMS Brave para patrulhar a costa e um batalhão de elite chegou a desembarcar no território. Na década de 1990, a metrópole adotou medidas que flexibilizaram progressivamente os costumes dos ilhéus, como a descriminalização das relações homossexuais e o fim da pena de morte. Em 2002, a Coroa estendeu a cidadania britânica à sua população.

Graças à condição de paraíso fiscal, Turkis e Caicós entrou na lista da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) dos lugares onde se lava dinheiro (money laundries), mas o governo britânico reagiu para controlar a atividade. O arquipélago participa do Banco do Desenvolvimento do Caribe, mantém um escritório da Interpol e é uma das 205 seleções filiadas à FIFA – a entidade maior do futebol mundial.

 

Alterações políticas

Turkis e Caicós herdou seu sistema legal dos tempos em que foi vinculado à Jamaica e às Bahamas, baseado na English Common Law. A Suprema Corte é sua instituição jurídica máxima.

Como território ultramarino da Inglaterra, a rainha Elizabeth II é a chefe de Estado, sendo representada no arquipélago pelo governador Peter Beckingham (desde outubro de 2013), que indica o primeiro-ministro entre os parlamentares da bancada majoritária. O atual primeiro-ministro, Rufus Ewing, do Partido Progressista Nacional (PPN) está no cargo desde novembro de 2012. A defesa do território é de responsabilidade da Grã-Bretanha, mas Turkis e Caicós tem autonomia em assuntos de segurança interna e na regulação do seu mercado financeiro.

O Parlamento local é formado por dezenove deputados, quinze dos quais são eleitos pela população (mediante sufrágio universal para os maiores de dezoito anos). Na política local, a oposição ao PPN é exercitada principalmente pelo Movimento Democrático do Povo (MDP). Existe um terceiro partido, o Partido Democrático Unido (PDU), sem representação na atual legislatura.

Vista da cidade de Cockburn, capital de Turkis e Caicos (peacenik1/Creative Commons)

 

Dados Estatísticos

Indicadores demográficos de Turkis e Caicós

1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020*
População 
(em mil habitantes)
5 6 6 8 12 19 31 37 
Densidade demográfica 
(hab./km²)
12 13 13 18 27 44 72 86 
Taxa de crescimento 
populacional**
0,59 -0,19 3,01 4,67 5,67 6,75
População urbana (%)¹ 47,20 47,68 51,11 55,26 74,34 84,55 90,23 93,56
População rural (%)¹ 52,80 52,32 48,89 44,74 25,66 15,45 9,77 6,44
Participação na população 
latino-americana (%)***
0,003 0,003 0,002 0,002 0,003 0,004 0,005 0,006
Participação na população 
mundial (%)
0,0002 0,0002
 
0,0002 0,0002 0,0002 0,0003 0,0004 0,0005
Fontes: ONU. World Population Prospects: The 2012 Revision Database
¹ Dados sobre a população urbana e rural retirados de ONU. World Urbanization Prospects, the 2014 Revision
* Projeção. | ** Estimativas para o quinquênio. | *** Inclui o Caribe.
Obs.: Informações sobre fontes primárias e metodologia de apuração (incluindo eventuais mudanças) são encontradas na base de dados ou no documento indicados.

Mapa

Bibliografia

The Official Yearbook of the United Kingdom of Great Britain and Northern Ireland. London, 2005.

The World Factbook. Publicação virtual da Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos da América, 2005.