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Mulheres na biotecnologia: onde estão?

Sabemos que ainda existem diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho, principalmente na área científica. Dito isso, no texto de hoje falaremos sobre a inserção das mulheres na pesquisa em biotecnologia e cientistas inspiradores que abriram esse caminho predominantemente masculino.

Foto de capa por Mikhail Nilov no Pexels

De acordo com a UNESCO, apenas 33% dos pesquisadores do mundo são do sexo feminino. Ainda sobre estatísticas, segundo as Nações Unidas,  as mulheres geralmente recebem menos bolsas de pesquisa do que seus colegas do sexo masculino. Nesse contexto, mulheres ainda seguem sub-representadas devido à influência de expectativas sociais e modelos de pensamento presentes em todos os estratos da sociedade. A ciência, a academia e os cargos de alta gestão, ainda não são vistos pela maioria das pessoas como um lugar de pertencimento das mulheres. A seguir, veremos a história de pesquisadores que atravessaram essa discriminação e contribuíram com o desenvolvimento na área de biotecnologia, inspirando mulheres a reivindicarem seu lugar na produção científica.

Legenda: Mulheres cientistas em laboratório.

Foto de Karolina Kaboompics no Pexels

Nettie Maria Stevens

Legenda: Nettie Stevens em 1904.

Fonte: DNAFTB

Nettie Maria Stevens foi uma renomada bióloga e geneticista norte-americana, nascida em 1861, em Cavendish, Vermont. Sendo assim, Stevens é reconhecida por suas contribuições significativas para a compreensão da determinação genética do sexo. Em 1896, obteve seu mestrado em biologia pela Universidade de Stanford, tornando-se uma das primeiras mulheres a alcançar esse feito. Sendo assim, seu trabalho pioneiro e inovador concentrou-se na investigação dos cromossomos sexuais em diversas espécies, particularmente nos insetos. Stevens foi uma das primeiras cientistas a demonstrar que os cromossomos X e Y são responsáveis pela determinação do sexo em várias espécies. Em seu trabalho de 1905, ela mostrou que a presença ou ausência desses cromossomos determina se um organismo se desenvolve como macho ou fêmea.

Apesar de suas importantes descobertas, Nettie Maria Stevens enfrentou desafios significativos em uma época na qual mulheres enfrentavam barreiras para serem reconhecidas e respeitadas na comunidade científica. No entanto, seu trabalho perseverou e foi posteriormente reconhecido como fundamental para o entendimento da genética do sexo.

Rosalind Franklin

Legenda: Rosalind Franklin em 1946.

Fonte: National Portrait Gallery

 Nascida em 1920, a química britânica Rosalind Elsie Franklin era a segunda de cinco filhos de uma influente família judaica, bastante atuante no movimento do sufrágio feminino. Com o apoio dos pais, em 1941, Franklin se formou em Ciências da Natureza pelo Newnham College, uma das faculdades restritas a mulheres da Universidade de Cambridge. Em 1951, Rosalind Franklin foi contratada pelo King’s College London para trabalhar em um projeto sobre a estrutura molecular do DNA. Utilizando sua experiência em cristalografia e difração de raios-X, ela capturou imagens cruciais de DNA que revelaram sua estrutura helicoidal. Uma dessas imagens, conhecida como Fotografia 51, foi especialmente importante na elucidação da estrutura de dupla hélice do DNA. 

Legenda: Fotografia 51

Fonte: King’s College London Archives

Apesar de seu trabalho pioneiro, Franklin enfrentou desafios significativos durante sua carreira. Suas relações com colegas de trabalho, incluindo Maurice Wilkins, foram frequentemente tensas, e suas contribuições não foram devidamente reconhecidas na época. Em 1962, após sua morte prematura aos 37 anos, devido a um câncer de ovário, Francis Crick, James Watson e Maurice Wilkins receberam o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina pela descoberta da estrutura do DNA, um prêmio que Franklin foi injustamente excluída devido ao seu falecimento. No entanto, ao longo dos anos, o trabalho de Rosalind Franklin recebeu maior reconhecimento por sua importância crítica na compreensão do DNA e na biologia molecular.

Barbara McClintock

Legenda: Barbara McClintock

Foto de Smithsonian Institution no Flickr

Barbara McClintock, nascida em 1902, foi uma geneticista norte-americana e uma das primeiras cientistas a estudar a estrutura dos cromossomos em milho, fazendo importantes contribuições da natureza dos genes e sua localização nos cromossomos. McClintock iniciou sua carreira acadêmica na Universidade Cornell, onde se formou em botânica e posteriormente obteve seu doutorado em citogenética em 1927. Durante seus estudos, McClintock desenvolveu uma abordagem meticulosa para analisar as variações genéticas em milho, o que a levou a descobrir a transposição genética na década de 1940. Esta descoberta revolucionária, que mostrou como os genes podem mudar de posição dentro dos cromossomos, desafiou as ideias convencionais da época sobre a estabilidade dos genes. Apesar de suas descobertas inovadoras, McClintock enfrentou inicialmente uma recepção morna da comunidade científica, que não compreendeu completamente o significado de suas observações.

No entanto, suas ideias foram posteriormente validadas e reconhecidas como essenciais para o entendimento moderno da genética. Ao longo de sua vida, McClintock recebeu muitos prêmios e honrarias, incluindo a Medalha Nacional de Ciências dos Estados Unidos em 1970 e o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1983, tornando-se a primeira mulher a ganhar o prêmio sozinha desde sua criação em 1901. Assim, Barbara McClintock deixou um legado duradouro como uma das maiores cientistas do século XX.

Jaqueline Goes de Jesus

Legenda: Jaqueline Goes de Jesus

Fonte: Currículo Lattes

Graduada em Biomedicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP) e mestre pelo Instituto de Oswaldo Cruz (IGM-FIOCRUZ) e doutora em patologia humana e experimental pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), a biomédica brasileira Jacqueline Goes e sua equipe identificaram os primeiros genomas do novo coronavírus apenas 48 horas depois da confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil. A média para este mapeamento no resto do mundo era de 15 dias. 

Após conquistar o tempo recorde de sequenciamento, a pesquisadora ganhou atenção das mídias e se tornou um ícone de representatividade. Em uma entrevista à revista Raça, Jaqueline opinou que as mulheres sempre estiveram nos laboratórios brasileiros, mas a visibilidade é recente. “Essa divulgação do nosso grupo trouxe à luz muitas pesquisadoras mulheres que fazem trabalhos brilhantes e que não tinham reconhecimento ainda. No entanto, maior do que o reconhecimento, foi trazer essa discussão para a sociedade: de que mulheres foram consideradas por anos menos capazes e estão liderando pesquisas importantes”, ressalta. 

Atualmente, Jaqueline desenvolve pesquisas em nível de pós-doutorado no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da Universidade de São Paulo (IMT/USP) e continua estimulando mulheres a ocuparem papeis na pesquisa científica.

Nossa empresa

Atualmente, a Sirius Biotecnologia Jr. é composta majoritariamente por mulheres. Sendo assim, nossa empresa júnior é um espaço que incentiva a participação feminina na ciência dentro da universidade e contribui com a formação de futuras cientistas. Para saber mais, clique na aba “Sobre nós” na parte superior do site.

 

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