Já pensou como era a vida das pessoas antigamente, em que um pequeno machucado poderia, eventualmente, levar as pessoas a óbito? Você sabe como isso mudou e tornou as feridas infectadas algo que podemos lidar? Vem descobrir com a gente!
Fonte da imagem da capa: Revista Galileu
Essa história começa com um médico nascido em 1881, no sudoeste da Escócia, que dedicou boa parte da sua vida para o estudo de substâncias com potencial antibiótico, ou seja, tóxicas às bactérias. Alexander Fleming seguiu o caminho da medicina e se formou na Universidade de Londres em 1906, trabalhando no Hospital de St. Mary até o começo da Primeira Guerra Mundial, em que serviu nas frentes de batalha como oficial médico.
Primeira Guerra Mundial (1914-1918):
Na Primeira Guerra Mundial, Alexander Fleming se viu diante da realidade horrível da guerra: destruição e morte, com soldados sofrendo com as suas feridas infectadas, as quais geravam muita dor e aceleravam o processo em direção à morte dos mesmos, devido à sepse.
Término da Guerra e a busca de um sonho:
Com o término da guerra, Fleming buscou pesquisar mais intensa e urgentemente uma das bactérias que mais acometiam as feridas abertas provocadas por armas de fogo, a Staphylococcus aureus.
Em 1928, durante um de seus estudos, acidentalmente, Alexander fez uma das descobertas mais revolucionárias na medicina, que inclusive foi considerado um milagre médico: a penicilina.
Após pesquisas exaustivas, o pesquisador decidiu tirar férias e deixou uma de suas placas de petri, a qual cultivava a bactéria Staphylococcus aureus, aberta. Voltando de seu descanso, ele observou que a placa estava contaminada com um mofo, o qual ele mais identificou como Penicillium notatum. Fleming observou que havia uma área transparente ao redor do fungo, indicando que as bactérias que ali estavam, haviam sido mortas. O pesquisador, então, a batizou como penicilina.
Legenda: Placa de petri com halos de crescimento de populações de bactérias no lado direito e populações de bactérias mortas no lado esquerdo.
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A penicilina contém, em sua estrutura química básica, um anel beta-lactâmico que inibe a síntese do peptidoglicano, interferindo na formação da parede celular bacteriana. Como resultado, as bactérias que tentam crescer e se dividir acabam rompendo suas membranas e morrendo.
Em 1929, Alexander publicou seus achados na revista British Journal of Experimental Pathology, mas devido a sua instabilidade e falta de potência, não obteve reconhecimento da comunidade científica.
Ascensão da Penicilina:
Apenas uma década depois da publicação que um grupo de pesquisadores da Universidade de Oxford interessou-se pela possibilidade de produzir penicilina estável para fins terapêuticos. Entre eles, estava o bioquímico alemão Ernst Boris Chain e o patologista australiano Howard Walter Florey. Esses cientistas conseguiram isolar a penicilina em um estado de anidro (na ausência de umidade), o qual é mais estável, e puro.
Com o apoio dos governos dos Estados Unidos e da Inglaterra, essas pesquisas foram se desenvolvendo cada vez mais e, durante a Segunda Guerra Mundial, foi possível utilizar a penicilina em um recurso médico amplamente disponível.
O tratamento com a penicilina concentrou-se nas infecções de soldados feridos, como a gangrena e sepse.
A penicilina, então, tornou-se um milagre médico: doenças que antes poderiam causar dor, agonia, amputações e morte, eram tratadas com esse simples medicamento. Assim, a produção em larga escala do antibiótico foi incentivada, salvando milhares de vidas nos campos de batalha e, após o fim da guerra, a milhões de vidas da população civil.
Seu impacto na saúde pública foi gigantesco e abriu o que foi chamado de “Era dos antibióticos”, reduzindo significativamente a mortalidade por doenças infecciosas que antes eram fatais, como pneumonia, sífilis e infecções pós-operatórias. Também se mostrou eficaz contra infecções de pele, sepse e doenças sexualmente transmissíveis, além de prevenir complicações graves em ferimentos abertos.
Legenda: Enfermeiro segurando ampola e seringa
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Atualmente, a produção da penicilina foi ampliada e refinada, tornando o medicamento mais acessível e confiável, continuando transformando o destino da humanidade.
Repercussões:
Alexander Fleming foi reconhecido universalmente como o “descobridor da penicilina” em 1943, sendo eleito também como membro da Royal Society e como sagrado cavaleiro da coroa britânica em 1944.
Em 1945, ainda, Fleming, Chain e Florey ganharam o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina, um dos maiores reconhecimentos científicos. Em seus discursos, Fleming destacou a história por trás da descoberta da penicilina e Florey e Chain falaram sobre a importância de transformar uma observação científica em um tratamento médico.
Legenda: Alexander Fleming ganha Prêmio Nobel de Medicina do rei Gustavo V da Suécia, em 1945.