Sistemas de Informação sobre Desastres e sua importância para estudos de clima

Por Isabela Horta*

Os desastres naturais têm ganhado foco das atenções em diversas esferas. A mídia retrata os impactos gerados na ocorrência de um desastre, companhias de seguro querem saber qual a recorrência de um evento calamitoso, as Instituições de ensino e pesquisa discutem os conceitos envolvidos nessa temática e as autoridades precisam tomar decisões frente às crises socioambientais ocasionadas.

Num estudo realizado para os anos de 2000 a 2007 no âmbito nacional, tem-se que, 58% dos desastres são relacionados às inundações, seguidos de 14% são relacionados às estiagens.¹ Outro tipo de desastre muito freqüente e de grande impacto para a biodiversidade brasileira são os incêndios florestais. Inundações, estiagens e incêndios têm caráter cíclico, com causa hidrológica e climática. O que nos faz pensar na relação entre os estudos sobre clima e os desastres naturais.

Estudos têm mostrado que fenômenos climáticos podem desempenhar o papel de um “gatilho” para o desencadeamento de desastres naturais, juntamente com os processos de degradação do ambiente. Chuvas ocasionadas durante a atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) têm sido relacionadas com graves impactos na região Sudeste do Brasil, por exemplo. ²

Em contrapartida, na medida em que trabalhamos para compreender melhor a problemática, podemos agir para a prevenção dos riscos e a mitigação dos impactos, aumentando a resiliência da sociedade em questão. É nesse sentido que destacamos a importância dos Sistemas de Informação (S.I.) sobre Desastres.

Os Sistemas de Informação sobre Desastres são sistemas informatizados, desenvolvidos para reunir, e disponibilizar informações sobre os desastres sejam eles classificados como naturais ou tecnológicos. Dentro de um S.I. encontra-se alocado um Banco de Dados, onde estará organizada e classificada as informações a respeito do tema, no caso, sobre os Desastres. Um Banco de Dados pode existir sem um Sistema de Informações, mas o contrário não é possível.

Os dados armazenados num Sistema de Informações ou num Banco de Dados servem como fonte para pesquisas que tenham como objetivo compreender melhor as ocorrências calamitosas; como fonte para o planejamento de ações de prevenção, e até mesmo para tomadas de decisões em curto prazo, como a liberação de auxílios à população afetada.

Abaixo temos uma tabela com três exemplos de Sistemas de Informação sobre Desastres e seus respectivos links de redirecionamento, o S2ID e o Banco de Desastres Naturais são brasileiros, e o EM-DAT é internacional ³:

 

Nome Quem os gerencia? Link para redirecionamento
Banco de Desastres Naturais IPMet – Centro de Meteorologia de Bauru http://www.ipmet.unesp.br/index2.php?menu_esq1=&abre=ipmet_html/defesa_civil/index.php
Sistema Integrado de Informações sobre Desastres da Defesa Civil (S2ID) Ministério da Integração Nacional https://s2id.mi.gov.br/
EM-DAT Centre for Research on the Epidemiology of Disasters – CRED http://www.emdat.be/

Destacamos aqui que, em comparação com a dimensão do Brasil e, a baixa disponibilidade de informações sobre desastres, integradas e acessíveis em algum sistema, ainda é necessário o desenvolvimento de banco de dados e/ou outros sistemas de informação para então, registrar esses tipos de ocorrências de regiões mais distantes dos centros tecnológicos, como os estados das regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste.

*A autora é Mestre em Ciências da Engenharia Ambiental pela USP.

 

Obs.: Se você tem conhecimento sobre Banco de Dados ou Sistemas de Informação que abrangem tais regiões e quer compartilhar essa informação com a gente, escreva para nós através da aba “Contato” localizada na aba superior direita desse site.

 

REFERÊNCIAS

¹ Maffra CQT, Mazzola M. As razões dos desastres em território brasileiro. In: Santos RF. Organizador. Vulnerabilidade ambiental: desastres naturais ou fenômenos induzidos? Brasília: Ministério do Meio Ambiente; 2007. p. 10-12.

² HORTA, I.T.L.G. Análise de impactos pluviais em São Luiz do Paraitinga – SP/Brasil. 2017. 107p. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2017.

² HORTA, I. T. L. G.; SANTOS, B. C. ; VECCHIA, F. A. S. . Análise de evento extremo de precipitação: o caso da inundação em São Luiz do Paraitinga – SP. In: XV Simpósio do curso de pós-graduação em Ciências da Engenharia Ambiental e X Simpósio da Especialização em Educação Ambiental e Recursos Hídricos: Diálogo de saberes para a cidadania socioambiental, 2016.

³ EM-DAT. The International Disaster Database. Centre for Research on the Epidemiology of Disasters. Disponível em:<http://www.emdat.be/>. Acesso em: 8 Mar. 2017.

³ UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”. Banco de Dados de Desastres Naturais. IPMet – Faculdade de Ciências. Disponível em < http://www.ipmet.unesp.br/index2.php?menu_esq1=&abre=ipmet_html/defesa_civil/index.php> Acesso em 08 mai 2018.

³ BRASIL. Sistema Integrado de Informações sobre Desastres da Defesa Civil (S2ID). Ministério da Integração Nacional. Disponível em < https://s2id.mi.gov.br/#> Acesso em 08 mai 2018.

 

FONTE DAS IMAGENS

INPE. Banco de dados de imagens. Disponível em <http://satelite.cptec.inpe.br/acervo/goes.formulario.logic > Acesso em 11 mai 2017.

IPT. Você sabia? Que o IPT ajudou no atendimento e reconstrução de São Luiz do Paraitinga após a enchente? Disponível em <http://www.ipt.br/institucional/campanhas/18-voce_sabia_que_o_ipt_ajudou_no_atendimento_e_reconstrucao_de_sao_luiz_do_paraitinga_apos_a_enchente.htm>