O problema público a ser enfrentado por esse projeto de pesquisa e pela política pública dele resultante é o pouco conhecimento de grande parte dos(as) educadores(as) e dos(as) estudantes da Educação Básica no Brasil a respeito da emergência climática e de como se mobilizar para enfrentá-la, em parte ocasionado pela abordagem tímida e prescritiva que a temática recebe nos currículos escolares. No Brasil, há uma certa distância histórica entre a educação ambiental e as ciências do clima, o que faz com que as práticas da chamada educação climática existentes, além de insuficientes em quantidade e cobertura, tenham a tendência a apresentar uma leitura conteudista, simplista e descontextualizada. Esse desafio também é destacado pela literatura internacional, que aponta que as campanhas de educação ambiental relacionadas às mudanças climáticas costumam tratar o público como decifradores autômatos ou como simples meios para se atingir um determinado fim. A hipótese a ser testada nesta pesquisa é a de que as práticas educomunicativas contribuem para que o conhecimento sobre a emergência climática seja apropriado de forma crítica e criativa pelas comunidades escolares, gerando ação local. A questão central a ser investigada está no título: como a educomunicação pode ampliar e qualificar as práticas de educação climática na Educação Básica no Brasil? Ainda há poucos estudos sobre a interface entre as políticas públicas de educomunicação e educação ambiental e sobre o potencial da educomunicação para ampliar e qualificar a participação social. Esta pesquisa contribui, portanto, para expandir o conhecimento científico acerca da relação entre educomunicação, educação ambiental e gestão pública e para idealizar, testar, avaliar, sistematizar e difundir tecnologias sociais inovadoras de educação climática a partir de práticas educomunicativas na etapa do Ensino Fundamental, que façam frente aos desafios impostos tanto pelas questões socioambientais complexas quanto pelo aumento da desinformação e ajudem a promover a mobilização das comunidades escolares na defesa dos seus territórios. Ou seja, se bem sucedido, este projeto contribuirá não apenas para a idealização, teste e avaliação de um projeto de educação climática por meio da educomunicação na Rede Municipal de Ensino de São Paulo, mas também para formulação de políticas públicas federais de educação ambiental que promovam abordagens mais dialógicas e significativas da emergência climática na etapa do Ensino Fundamental – o que atende ao artigo 12 do Acordo de Paris. (AU)
