Pesquisa

O material genético contido em nossas células é surpreendentemente reativo, apesar de ter a função de armazenar informação. O DNA reage com diversos metabólitos celulares, como aldeídos e espécies reativas de oxigênio, diferentes agentes químicos e físicos ao nosso redor, como componentes do cigarro, radiação ultravioleta do sol ou radioatividade, além da própria água, de forma que o DNA precisa ser constantemente reparado da maneira mais fiel possível para evitar o acúmulo de mutações que levam ao câncer, envelhecimento e neurodegeneração.

Nós estudamos as vias moleculares de sinalização e reparo destes danos ao DNA, utilizando técnicas de biologia molecular e celular, por exemplo Western Blotting, microscopia de fluorescência, tecnologia CRISPR/Cas9 e ensaios funcionais. Dentro dessa linha de investigação, os projetos em desenvolvimento no laboratório se encaixam basicamente em três áreas de interesse:

ADP-ribosilação e reparo de DNA
ADP-ribosilação é uma modificação pós-traducional de proteínas com importante função na sinalização da presença de danos ao DNA, remodelamento da cromatina e recrutamento de fatores de reparo de DNA para o local da lesão, além de um tipo de morte celular programada chamada parthanatos. Esta modificação é catalisada por uma classe de enzimas chamadas poli(ADP-ribose) polimerases (PARPs), diversas das quais são ativadas por danos ao DNA. Centenas de proteínas são modificadas por ADP-ribose, outras tantas reconhecem e se ligam a esta modificação, e outras mais são envolvidas na remoção deste “sinal” após a conclusão do reparo. Nós buscamos entender os mecanismos moleculares pelos quais cada um desses eventos sinaliza a presença de danos ao DNA e acelera o seu reparo. (Figura 1)

Para saber mais, dê uma olhada no nosso artigo:
Hoch NC, Polo LM. ADP-ribosylation: from molecular mechanisms to human disease. Genet Mol Biol. 2019 Dec 13;43(1 suppl 1):e20190075.

Reparo de DNA e doenças genéticas raras
Diversas síndromes genéticas raras são causadas por mutações em genes envolvidos na sinalização e reparo de DNA. Estas doenças são geralmente caracterizadas por predisposição ao câncer, envelhecimento precoce, imunodeficiência e/ou problemas neurológicos, como neurodegeneração ou microcefalia. Nós estudamos as consequências moleculares das mutações encontradas em pacientes para entender os mecanismos que contribuem para estas patologias e identificar possíveis alternativas terapêuticas.

Veja nosso artigo:

 

 

Funções da ADP-ribosilação em outras vias de sinalização
Um terceiro tema de interesse do laboratório, que vem ganhando espaço especialmente durante e após a pandemia de COVID-19, é a função da ADP-ribosilação de proteínas em resposta a outros processos, como a resposta celular a infecções virais. Alguns vírus, incluindo o coronavírus, expressam uma enzima cuja função é hidrolisar (ou seja remover) a ADP-ribosilação de proteínas, que é catalisada por enzimas do hospedeiro como parte da resposta antiviral das células. Nesse contexto, buscamos entender como a ADP-ribosilação contribui para a resposta imune, qual a função desse domínio viral durante a infecção e se a inibição dessa enzima viral pode ser uma alternativa terapêutica.

Para saber mais, dê uma olhada no nosso artigo:

Nicolas C. Hoch; Host ADP-ribosylation and the SARS-CoV-2 macrodomain. Biochem Soc Trans 27 August 2021; 49 (4): 1711–1721.

Figura 1 - Imagem esquemática da ADP-ribosilação