Linha de pesquisa

Splicing é o processo, em células eucarióticas, em que os intron são removidos do RNA precursor (pré-mRNA) e os exons são justapostos para produção do mRNA maduro. Este processo é um componente chave na expressão gênica e perturbações em seu funcionamento levam a produção de transcritos aberrantes e o surgimento doenças.

Mutações somáticas em vários componentes da maquinaria de splicing foram recentemente descritas em diversos tipos de câncer. Nosso principal interesse é investigar a consequência funcional da presença de mutações somáticas em fatores de splicing, assim como da expressão aberrante destes fatores em neoplasias hematológicas e tumores sólidos. Para atingir nosso objetivo, fazemos uso de análise mutacional in silico, de expressão (de genes mutados e selvagens) e silenciamento gênico (shRNA) mediados por retrovírus, bem como da edição genômica (Crispr / Cas9) dos genes de interesse em células de linhagens tumorais e leucêmicas e, assim, avaliamos o efeito da expressão aberrante e das mutações em processos celulares por meio de ensaios funcionais in vitro e in vivo.

Projetos em andamento no laboratório

1- Caracterização da quinase UHMK1 (KIS) na regulação do splicing e seu papel na tumorigênese

Dados anteriores de nosso grupo sugerem o papel de Uhmk1 na diferenciação de células hematopoiéticas. Nossa hipótese é que ao fosforilar seus alvos (fatores de splicing), Uhmk1 afeta o splicing alternativo e a expressão gênica de genes importantes para a diferenciação de células hematopoiéticas. No momento, estamos investigando a rede regulatória de Uhmk1 por meio de abordagens de análise global da expressão gênica (RNA seq), atividade proteica (fosfoproteoma) e regulação do splicing alternativo em células com modulação da expressão de Uhmk1. Além disso, avaliamos o efeito da superexpressão e inibição de Uhmk1 no splicing e nos fenótipos relacionados à tumorigênese, como proliferação, clonogenicidade, migração, viabilidade e morte celular.

2- Caracterização funcional das mutações do fator de splicing 1 (SF1) identificadas em pacientes com câncer

O SF1 reconhece as regiões 3′ dos introns durante as etapas iniciais da formação do spliceossomo. Mutações somáticas em SF1 foram descritas em um conjunto de pacientes com diferentes tipos de câncer. Por meio de análise in silico, nosso grupo mapeou o espectro de mutações de SF1 em pacientes com câncer. Atualmente, estamos avaliando a consequência funcional da inibição e superexpressão de SF1, bem como o impacto de suas mutações no splicing e nos fenótipos relacionados à tumorigênese de células tumorais.

3- Caracterização de PIMREG na progressão tumoral e resposta à terapia de células de glioblastoma

Os gliomas são os tumores cerebrais mais comuns em adultos. Os pacientes com o subtipo mais agressivo, glioblastoma (GBM), têm uma sobrevida média de 15 meses. PIMREG é um marcador de proliferação envolvido no controle do ciclo celular. Recentemente, mostramos que GBM exibe os níveis de expressão mais elevados de PIMREG entre todos os tipos de tumor analisados. Ademais, os níveis da proteína de PIMREG se acumulam em células de GBM expostas ao tratamento com agentes genotóxicos, sugerindo um possível papel desta proteína na resposta ao dano ao DNA (DDR). Nossa hipótese é que o PIMREG participa na DDR e, assim, contribui para a resistência das células GBM ao tratamento quimioterápico. Atualmente, estamos investigando o papel do PIMREG como um biomarcador da progressão tumoral em gliomas e o papel de PIMREG no controle da proliferação, replicação, resposta ao dano ao DNA e resistência das células de GBM.

Projetos anteriores

4- Investigação de oncogenes cooperativos para mutações IL7R em leucemias agudas

Mutações no gene do receptor da interleucina 7 (IL7R) resultam na ativação constitutiva desse receptor e sua via de sinalização e são responsáveis pelo desenvolvimento de leucemias linfoblásticas agudas (LLA). Este projeto tem como objetivo identificar alterações genéticas que cooperem com mutações IL7R para promover o fenótipo maligno. Para este fim, linhagens de linfócitos pro-B murinos dependentes de IL3 (Ba/F3) e portadoras de IL7R selvagem e mutadas, são transduzidas para expressar mutações adicionais de interesse. As células contendo as duas alterações desejadas são avaliadas, na presença e ausência de IL3, quanto ao aumento no crescimento e ao fenótipo maligno in vitro e in vivo.